As dificuldades infligidas à Escola Estadual Ismael Chaves Barcelos e relatadas aqui retratam o cenário que se replica por grande parte da Pátria Educadora. Tudo consegue piorar quando emergem resultados de pesquisas aplicadas aos estudantes.
Na mais recente Avaliação Nacional da Alfabetização, relativa a 2014 e divulgada na quinta passada, o Rio Grande do Sul rodou: é o Estado que apresenta pior resultado entre os três Estados da Região Sul. A avaliação é do Ministério da Educação, aplicada aos estudantes do 3º ano do ensino fundamental.
Boa parte dos estudantes não sabe o básico que se espera de estudantes do 3º ano: não sabem ler, não sabem escrever, não sabem fazer cálculos matemáticos.
Essas deficiências significam que uma em cada quatro crianças sequer compreende o que vem escrito nos balões dos gibis. Também não consegue escrever uma oração compreensível, com começo, meio e fim. Mais da metade é incapaz de multiplicar e dividir. Sabemos, as causas desse vergonhoso desempenho são muitas, mas é impossível isentar os governos da responsabilidade.
Esse grau de deficiência nessa fase escolar, defendem os especialistas, é crucial para a vida adulta do cidadão. Dificilmente a escrita, a compreensão de texto e a matemática serão resgatadas ali adiante. Ou seja, não dá para correr atrás de fases queimadas para remediar o irremediável. Qualquer sociedade que se queira desenvolvida acabou com esse fosso na formação do cidadão. É chavão e é batido, mas sem educação não há desenvolvimento humano, social, econômico, político. Sem essa combinação de qualidades nação alguma chega a algum lugar decente.
Infelizmente nem o futuro médio é promissor. Os governos que conduzem o Brasil estão tão envolvidos em apagar incêndios políticos e econômicos que não sobra energia nem tempo para aplicar programas de educação. O mesmo vale para a segurança, para a cultura, para.
É inacreditável, mas o Ministério da Educação já anunciou que a próxima Avaliação Nacional da Alfabetização será só em 2017, com divulgação de resultados lá em 2018.
Com planos rasos assim é difícil crer que alguém de fato esteja empenhado em qualificar o ensino formal no Brasil.
Opinião
Gilberto Blume: algo vai muito mal. Uma em cada quatro crianças do 3º ano não sabe ler e metade não sabe calcular
Dificilmente a escrita, a compreensão de texto e a matemática serão resgatadas ali adiante
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