Se neste fim de semana, quando a previsão é de registrar -5°C nos Campos de Cima da Serra, você decidir ir conhecer a região, fique sabendo que pode sentir o frio montado no lombo de um cavalo. E não precisa ser expert: os moradores tratam de te ensinar.
GALERIA DE FOTOS: confira imagens do passeio
A beleza de São José dos Ausentes é espontânea. Os canyons, morros e cascatas esculpidos pela natureza servem, com bastante frequência, como cenários cinematográficos. Só neste ano, Ausentes estrelou reportagem especial do Globo Repórter e agora aparece novamente na tela global em cenas na nova novela das seis, Além do Tempo. Ao conhecer a cidadezinha, é fácil entender por que tanta visibilidade: é um paraíso ainda pouco explorado pelo homem e com paisagens de tirar o fôlego. E, de tão exclusivas e paradisíacas, há destinos que só podem ser desbravados a pé, com caminhadas quase sempre destinadas para quem suporta longas distâncias, ou de um jeito bem gaudério: a cavalo.
E é galopando que se chega, por exemplo, à beira do canyon Monte Negro, o ponto mais alto do Estado, com 1,4 mil metros de altitude. Esse é também o ponto mais frio em território gaúcho, registrando até -13C. Um passeio a cavalo em Ausentes é capaz de unir a adrenalina de se aproximar da beira de precipícios, confiando na experiência do animal, aliada à sensação de tranquilidade, com o barulho das curicacas, gralhas-azuis ou pica-paus, moradores típicos de Ausentes. Só estando no lombo do cavalo, com o vento batendo na cara e vislumbrando os montes e canyons, que é possível reconhecer o quão generosa é a natureza.
São essas trilhas, a cavalo, uma das principais ofertas turísticas de Ausentes. Ainda que o município precise de fortes investimentos no turismo, principalmente no setor gastronômico, os pouco mais de 3,5 mil ausentinos se encarregaram de conhecer direitinho o chão que pisam e mostrá-lo para quem quiser se impressionar. Guias turísticos também fazem sucesso por lá. Paulo Hafner, publicitário por formação, oferece passeios guiados desde 1992 e conta com ampla e fiel cartela de clientes. A agenda dos fins de semana está sempre cheia. São turistas vindos, na maioria das vezes, de capitais como São Paulo e Rio de Janeiro, dispostos a ficar até sete dias galopando pela região de Ausentes. A maioria opta por formar grupos, mas isso não é pré-requisito, conforme Hafner, bem como o destino: é possível cavalgar também por São Francisco de Paula, Jaquirana ou Cambará. Os valores variam entre R$ 450 e R$ 850, dependendo a quantidade de dias. O valor inclui refeição e estadia em diferentes pousadas, conforme o passeio andar.
- São caminhos que só a cavalo você conhece. Com nossos 18 cavalos entramos em áreas privadas, passamos pela água, e fizemos passeios conforme o preparo físico do cliente_ afirma Haufer.
Torça para a "viração" não chegar
Nem sempre será possível conferir a vista completa ao chegar nos picos de canyons. Ausentes tem clima bastante particular e, rapidamente, a chamada "viração" aparece. É um fenômeno que se forma quando massas de ar quente, vindas do mar, se juntam com o ar frio da montanha. Forma-se um nevoeiro tão expressivo que, muitas vezes, é difícil enxergar o que está a um passo à frente. Por isso, contemplar as belas paisagens depende também de uma pontinha de sorte. Isso já faz até parte da rotina, confidencia o proprietário de uma simpática pousada bastante procurada por moradores da Serra, César Osny Canquerini Birnfeld. Os passeios a cavalo integram as atrações de quase todas as pousadas do município. É sob os olhos de César ou do sócio, Claudio Antônio Bandeira, que o visitante conhece as 13 cachoeiras da propriedade da Pousada Flor de Açucena e chega a 1,2 mil metros de altitude. O grau de dificuldade da trilha é enquadrado de acordo com a experiência. E fique tranquilo caso nunca tenha subido em um cavalo: há apoio desde a hora de montar até descer do animal. Palavra de quem andou pela primeira vez.
Na Pousada Flor de Açucena, os fins de semana dificilmente têm leito sobrando. A procura não é somente pelos passeios a cavalo, que podem ser oferecidos também para quem não se hospeda ali, mas pela comida campeira preparada e servida pela família de César. No cardápio, desde o tradicional churrasco até guisado farofado com pinhão, ou truta, peixe que é especialidade da região. São experiências procuradas na maioria por gaúchos _ 70% do público da pousada é de moradores daqui.
- Nossa comida e hospitalidade são muito elogiadas. Quando chegar aqui, é preciso estar disposto a encarar um fim de semana diferente - afirma Claudio.
Turismo regional
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