
Um procedimento que já atingiu mais de 41 mil caxienses desde 2013 e que vai continuar pelos próximos anos segue causando dores de cabeça: a troca de hidrômetros. Do início deste ano até esta segunda-feira, 75 pessoas registraram reclamação no Procon porque a conta d'água aumentou após a substituição. A projeção do Samae é chegar a 70 mil novos medidores até o fim de 2016.
Leia também: comunidade reclama da troca de hidrômetros sem aviso em Caxias do Sul
A família do ferramenteiro Merquides Steinmetz, 54 anos, é uma das que enfrenta o problema. A conta, que girava em torno de R$ 40 a R$ 50, saltou para R$71,87 em junho, logo após a troca, em maio. O pico ocorreu em julho, após um mês com o contador novo: R$ 124,85. Em relação a março (em abril a família estava em férias e o consumo baixou), quando pagaram R$ 55,72, o aumento foi de R$ 69,13, ou 55,38%. Se antes a casa com quatro pessoas consumia até oito metros cúbicos, em julho gastou 16.
Em junho, após uma carta ser publicada no Pioneiro, um fiscal orientou os Steinmetz a procurar vazamentos, mas a falha não foi encontrada.
- Até concordo se querem trocar o hidrômetro e aumentar um ou dois metros (cúbicos), agora dobrar o consumo é inaceitável - protesta o morador do Desvio Rizzo.
Segundo a autarquia, a aferição e troca de hidrômetros é permanente. O objetivo é reduzir a perda de água tratada e manter a justiça tarifária, para que o consumidor pague exatamente o que consumiu. As trocas geraram corre-corre em busca de vazamentos. Dono de empresa especializada, Lauro Fernando Giacomoni estima em 30% o aumento do serviço nos últimos seis a oito meses.
O Samae argumenta que as substituições obedecem aos critérios de aparelhos com 15 anos ou mais e irregularidades, como ligações clandestinas (gatos). Conforme o diretor-presidente do Samae, Edio Elói Frizzo, os problemas são constatados pelos leituristas, técnicos ou denúncias anônimas.
- Não se trocava há muito tempo, por causa de uma interpretação, se o custo seria do cliente ou do Samae. Resolvemos puxar o custo para nós - diz Frizzo.
Cerca de 15 casos por mês chegam à Defensoria Pública. O Ministério Público não recebeu reclamações.
Saiba mais
:: Por que os hidrômetros são trocados?
Segundo o Samae, aparelhos muito antigos não registram o consumo corretamente. A autarquia está trocando aqueles com 15 anos de uso ou mais. Outros aparelhos que apresentaram problemas, mesmo mais novos, também são substituídos.
:: A troca é obrigatória ou o cidadão pode optar por não trocar?
É obrigatória.
:: O que acontece com o usuário que se negar a trocar?
Poderá ser notificado pela fiscalização do Samae. Se após a notificação a pessoa insistir em não deixar a autarquia instalar o aparelho novo, o Samae entrará na Justiça solicitando a troca. Até hoje, nenhum processo precisou ser aberto.
:: Qual é a diferença do novo aparelho para o antigo?
O aparelho antigo apresenta desgastes nas engrenagens internas, que passam a trabalhar fora das condições ideais. Na prática, a água que passa pelo hidrômetro não é registrada na totalidade. O hidrômetro novo registra o consumo efetivo do imóvel.
:: Quantos hidrômetros já foram trocados?
Mais de 41 mil (desde 2013).
:: O aparelho novo é aferido pelo Inmetro?
Sim, todos os aparelhos são certificados e calibrados pelo Inmetro.
:: Quem paga o hidrômetro novo?
O Samae. O custo é R$ 95,18.