Até o dia 15 de agosto, o Pioneiro abre espaço para os jovens de Caxias do Sul debaterem propostas que possam servir de parâmetro para mudanças na educação, saúde, segurança e cultura, entre outros. É pauta inspirada no tema da Conferência Nacional da Juventude sobre as várias formas de mudar o país.
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Você pode participar deixando sua opinião na página do Pioneiro no Facebook, indicando o que falta para melhorar a vida dos jovens caxienses. Algumas sugestões serão usadas em reportagem no próximo final de semana.
A série é produzida em colaboração com rapazes e moças de diferentes segmentos da cidade. Também assinala a Semana Municipal da Juventude, com programação até a próxima segunda-feira, dia 17 de agosto.
Leia também as histórias produzidas por Fernanda, Juliana, Franco e o grupo de teatro de Forqueta.
O texto abaixo é de autoria da estudante Ester de Souza Novaski.
Meu nome é Ester de Souza Novaski, tenho 13 anos e estou no 8º ano do ensino fundamental na Escola Dolaimes Stédile Angeli - CAIC, onde estudo desde pequena. Na minha escola existe uma preocupação com a segurança. Para isso, algumas atividades e projetos estão sendo feitos para termos um futuro melhor, pois a violência só será combatida se tivermos respeito, tolerância e praticarmos o bem comum. Existe violência na rua, mas tudo que aprendo aqui na escola, me deixa segura lá fora. Eu tenho a base escolar, um bom grupo de amigos e isso me ajuda a lidar com os problemas da falta de segurança na cidade.
Aqui fizemos recreios dirigidos, onde há a integração com os alunos de outros anos, através de brincadeiras, eliminando as "famosas briguinhas do recreio", melhorando a segurança. Temos também um projeto que ajuda na integração entre alunos, família e os professores, buscando um melhor relacionamento e rendimento escolar.
Algumas atividades de integração como o grafite, cinema, jogos, gincana cultural e esportiva também são realizadas com o objetivo de diminuir a rivalidade e despertar a cultura. O grafite, por exemplo, me ajudou no fato de entender que pixar é crime, enquanto o grafite é uma arte, auxiliando a gente a ter inspiração no desenho.
Estamos envolvidos com um projeto da Cipave (Comissões Internas de Prevenção de Acidentes e Violência Escolar) que é a produção de um curta-metragem, mostrando a questão da preservação do patrimônio público e sobre o bullying.
Achei muito importante quando a escola trouxe uma palestra sobre o combate às drogas, pois o policial (palestrante) mostrou as consequências ruins que o uso pode levar. Observei que muitos colegas ficaram pensativos e viram que usando drogas não nos levará para o lado do bem.
DA REDAÇÃO
- Os bondes são um exemplo da violência galopante entre a juventude de Caxias do Sul. Boa parte dos integrantes não tem passagem na polícia, mas se reúnem em grupos de acordo com a afinidade territorial, e acabam se envolvendo em brigas e assaltos. A violência é turbinada pelas redes sociais. Desde maio de 2013, autoridades aumentaram o policiamento em dias de passe livre no transporte coletivo para prevenir ataques. Contudo, os grupos têm agido em locais e dias diferentes. O fenômeno dos bondes ainda é incompreendido.
- Outro dado negativo são os homicídios. No primeiro semestre deste ano, Caxias teve 47 assassinatos. Do total de vítimas, quase um terço eram jovens com idades entre 17 a 26 anos. Destes, 77% possuíam antecedentes criminais. É tendência verificada nos últimos 15 anos.
- A prevenção tem sido uma alternativa contra a violência. Desde 2007 o Programa Cipave, parceria entre a Secretaria Municipal da Educação e a Secretaria de Segurança Pública e Proteção Social, registrou queda no número de ocorrências nas escolas municipais de Caxias. De 2010 até 2014, a violência e acidentes escolares reduziram 50,4%. O percentual aponta que os 6.193 casos do primeiro ano de coleta de dados passou para 3.075 no ano passado. Em 2015, o programa já registrou 2.150 ocorrências.
- A Justiça Restaurativa é outro exemplo de tentativa de pacificação. Foram registrados 349 atendimentos a adolescentes, de janeiro a julho deste ano. Do total de registros, 252 foram encaminhados, em sua maioria, por escolas da cidade. A Justiça Restaurativa é um processo no qual a vítima e o ofensor participam da resolução das questões provocadas pelo crime, como forma de reparar um dano.
- Dados do Projeto de Atenção Especial à Violência Escolar produzido pelo Ministério Público de Caxias do Sul mostra que 80% das vítimas do setor têm entre 13 e 16 anos, 55% são do sexo feminino e 45% do sexo masculino. Já os infratores, 71% têm entre 14 e 16 anos de idade, 65% são do sexo masculino e 35% do sexo feminino. O projeto envolveu 71% dos 397 adolescentes que participaram da pesquisa.
Para mudar o país
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Ester de Souza Novaski participa de ações que promovem a segurança escolar
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