A Justiça do Trabalho suspendeu até o fim da semana a negociação entre o Grupo Voges, de Caxias do Sul, e o Sindicato dos Metalúrgicos. Uma nova reunião para tratar de questões trabalhistas foi agendada para as 17h de sexta-feira, no Tribunal Regional do Trabalho (TRT).
Até lá a empresa precisa comprovar o pagamento de R$ 250,00 para cada trabalhador demitido, como forma de demonstrar boa vontade em pagar as dívidas trabalhistas, e apresentar garantias reais para a quitação dos débitos. Em contrapartida, a Justiça solicitou que os trabalhadores suspendam as manifestações até a próxima reunião.
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A determinação foi anunciada durante a última audiência de mediação, na tarde desta segunda-feira no TRT, em Porto Alegre. O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Assis Melo, falou dos problemas enfrentados pelos trabalhadores e ex-funcionários da Voges, como salários atrasados e não recebem direitos trabalhistas. Além disso, ressaltou a dificuldade de fazer acordos com a empresa.
- Nós não vemos perspectivas em um novo acordo porque a empresa não cumpre os acordos que faz. Eles não têm mais credibilidade - afirma Assis.
Cerca de 50 ex-funcionários acompanharam o Sindicato até o TRT. Destes, cinco estavam presentes na audiência. Paulo Roberto Fulcher relatou aos juízes que além de ter o pagamento somente de parte do salário de julho, ainda não recebeu a última parcela do 13º salário do ano passado. Já Rosilei Francescon afirmou que precisou deixar a empresa por não conseguir mais pagar a escola do filho.
- Além de ter recebido somente R$ 700,00 do salário de julho, não recebi o valor referente às férias que tirei em maio e não recebo auxílio-creche desde dezembro. Infelizmente não tenho mais como pagar a escola do meu filho.
Entenda
- Funcionários alegam que a Voges, em processo de recuperação judicial, não paga os salários em dia desde o ano passado. Diversas manifestações têm sido realizadas.
- Segundo a advogada Aline Babetski, uma série de readequações foi necessária, entre elas a demissão de pessoal, que teria sido negociada com o Sindicato dos Metalúrgicos perante a Justiça no início de agosto.
- Uma espécie de programa de demissão voluntária foi criada. Funcionários que queriam deixar a empresa foram demitidos, mas o número não foi suficiente e houve mais rescisões de contratos.
- Desde o dia 6 de agosto a empresa está fechada devido a manifestações, protestos e negociações.
- No dia 13, cerca de 50 ex-funcionários bloquearam a entrada da empresa. O grupo tem impedido a entrada dos trabalhadores desde então.
- Os manifestantes alegam que só receberam parte do salário de julho, enquanto na Justiça teria sido acordado que os pagamentos seriam similares aos dos funcionários que seguem trabalhando.
- A advogada da Voges afirma que a negociação previa pagamento de uma parcela até a última terça-feira, dia 18, o que teria sido feito. O restante seria negociado posteriormente.
- Na última sexta-feira a empresa contratou seguranças para garantir a entrada de funcionários e reabrir. Cerca de 300 pessoas que seguem trabalhando passaram entre os manifestantes com a ajuda da equipe de segurança.
- Manifestantes alegam que foram agredidos pelos seguranças, mas a Voges afirma, através de sua advogada, que não houve violência e que a retomada das atividades foi feita licitamente.
Crise
Negociação da Justiça do Trabalho com Grupo Voges, de Caxias, é suspensa
Reunião de conciliação entre empresa e Sindicato dos Metalúrgicos foi remarcada para sexta-feira
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