Conhecidos como baby boomers (nascidos entre 1945 e 1960), os sessentões de hoje estão longe da ideia de aposentados que encaram a fase como o fim das atividades úteis. Alguns se preparam para encerrar o ciclo do trabalho formal, mas descansar não está nos planos: para eles, chegar aos 60 significa abandonar a idade cronológica e aproveitar o momento para realizar sonhos que tinham ficado para trás.
É chegada a hora de conquistar a vida que queriam ter. E o que define a vida dos sessentões são liberdade e autonomia: 65% das mulheres nessa faixa etária vivem sozinhas - eles são apenas 31% -, e 71% dos idosos brasileiros têm independência financeira.
Para Marina Bolsanela Lazaron, 75 anos, viúva há 20 anos e sem filhos, morar sozinha traz tranquilidade, já que não precisa pensar em ninguém.
- Planto verduras, organizo a casa e participo de atividades como palestras, câmbio (modalidade adaptada do vôlei) e ginástica - conta Marina.
A psicóloga especialista em terapia cognitivo-comportamental Luciana Cristina Mancio Balico lembra que, se a pessoa decidiu morar sozinha, tem que estar bem fisicamente e psicologicamente, para dar conta das demandas diárias. Por isso, é importante a busca pelo prazer saudável e o pensar positivo.
- É importante manter contato com pessoas, sejam familiares ou amigos. Claro que depende muito da personalidade de cada um. Mas manter o contato é importante porque faz com que a pessoa converse, troque ideias, experiências e isso, de certa forma, também ajuda no cognitivo. Se o cognitivo vai bem, os sentimentos que surgem são positivos e prazerosos - explica a especialista.
Luciana dá uma dica importante para o idoso que mora sozinho: montar um mosaico com figuras, palavras ou até mesmo frases, representando vantagens. A pessoa deve olhá-lo e lembrar das coisas boas e positivas de ter assumido a decisão de ir morar sozinha.
Aposentada busca atividades para ocupar o dia
Iolanda Cândido Gonçalves, 72 anos, é natural de São Francisco de Paula e já mora em Caxias do Sul há 43 anos. Constituiu família, ficou casada por 25 anos, teve três filhos, oito netos e uma bisneta.
Viúva há 18 anos, ela conta que não buscou outro companheiro, mas que não gosta de ficar sozinha em casa. De segunda a sexta-feira, a aposentada tem a companhia de dois netos, mas diz que é difícil quando chega o final de semana porque eles vão para a casa dos namorados. Apesar disso, ela prefere não interferir na vida deles.
- Como venho de uma família grande de 16 irmãos, não consigo ficar só - confessa.
Iolanda lembra que trabalhou por 34 anos e depois que conseguiu se aposentar é que teve tempo para fazer o que gosta.
Pela manhã, ela está fazendo um curso de guia de turismo que deve concluir só no ano que vem. Já pela tarde, Iolanda busca praticar atividades físicas, como o câmbio e a ginástica.
- Antigamente, uma pessoa com 60 anos já era considerada velha, mas hoje mudou totalmente o estilo de vida. Agora é muito melhor porque nem lembro que tenho 72 anos. Quando vou praticar o câmbio, por exemplo, quanto mais eu jogo, mais quero jogar. Não sei de onde sai tanta força de vontade - revela a aposentada.
Comportamento
Melhor idade: independência, mas sem solidão
Depois de aposentados e viúvos, sessentões decidem morar sozinhos, mas aproveitam liberdade e autonomia para estudar e praticar atividades físicas
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