Eu e o inverno nunca nos demos muito bem, eu confesso. Essa inimizade começou quando nos encontramos pela primeira vez, lá nos meus primeiros meses de vida, e ele, malvado, fez minha pele ficar em carne viva - uma situação que só quem tem dermatite atópica sabe como é, mas isso já é outra história. Mesmo assim, pode-se dizer que nós dois passamos por um período de "guerra fria" (não pude resistir ao trocadilho!), no qual, mesmo não gostando um do outro, suportamo-nos e, em algumas ocasiões, até desfrutamos da companhia mútua.
São boas, por exemplo, as lembranças dos momentos de minha infância em que, nos dias frios mas ensolarados, ficava eu a brincar de casinha no pátio de casa, aproveitando a gostosura dos raios solares. Ou, melhor ainda, quando, à noite, montava meu QG próximo ao fogão à lenha, transformando a ampla cozinha da nossa casa em playground.
Naqueles tempos, eu também tinha um sonho: ver neve. As imagens mostradas na TV, dos flocos brancos enfeitando paisagens distantes, eram tão maravilhosas que, apesar dos pesares, eu ficava torcendo para que a temperatura do planeta não subisse com já se previa então - se não nevava com o frio que fazia, imagina se o inverno "esquentasse"!
Os anos passaram e o frio diminuiu sua maldade para comigo. Ainda não somos amigos, e ainda suspiro quando preciso sair de debaixo das grossas cobertas, mas consegui ver a neve tão sonhada - três vezes, sendo a de 2013 a mais inesquecível. O principal, porém, foi a lição aprendida: os rigores da estação tornam ainda melhores as flores e o sol que vêm na sequência...
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