Discussão acalorada e público expressivo marcaram a audiência pública que abordou a taxa de disponibilidade, cobrada por obstetras de Caxias do Sul, para realizar partos. O encontro lotou a Sala das Comissões Vereadora Geni Peteffi na noite desta segunda-feira, na Câmara de Vereadores.
Representantes da área de saúde do município, além de vereadores integrantes da Frente Parlamentar Pelo Fim da Violência Contra a Mulher, promotora da audiência, participaram do ato. A secretária de Saúde, Dilma Tessari, não participou do encontro, bem como a 5ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRS).
A vereadora Daiane Melo (PMDB), grávida de oito meses, conduziu a reunião por ter sido autora de uma denúncia no Ministério Público (MP) contra um médico que cobraria R$ 5 mil para dar à luz a criança. Daiane questionou a variação das taxas expostas às gestantes, que variam entre R$ 800 e R$ 5 mil no município, e considerou a situação uma violência contra mulher, já que a constrange em momento de maior fragilidade.
O presidente do Sindicato dos Médicos, Marlonei dos Santos, defendeu a classe contra a acusação de violência feminina. Alega que a taxa de disponibilidade trata-se de uma conduta médica, que prevê melhores condições para o parto, e não se enquadra como ato de violência. Ele admitiu a cobrança da taxa por parte dos profissionais caxienses, e alega que as gestantes devam procurar planos de saúde para serem ressarcidas.
- Vocês não podem cobrar isso de nós, médicos. Reclamem com o plano de saúde. Estamos cobrando para estar disponíveis para ficar ao lado de vocês ao longo de todo o parto, e isto não está escrito nos contratos com os planos - defendeu.
Presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio Grande do Sul, Cremers, Luciano Grohs, defende que o relacionamento entre gestantes e obstetras precisa ser mais esclarecedor.
- O que é estar disponível? Quando, para quem? Isso tem que ser formalizado por ambas as partes, é uma relação que precisa ser explicitada. Não está claro o que é permitido e quando é. Não há clareza, não há legislação.
O esclarecimento deste contrato também foi cobrado pela Defensoria Pública do município na reunião. O Pioneiro denunciou a cobrança extra de partos no município em março deste ano. O Ministério Público investiga o caso.
O valor adicional é exigido como compensação pelas horas em que os médicos precisam ficar disponíveis para fazer o parto - desmarcando agendas e, com isso, perdendo dinheiro. O município conta com 120 obstetras, de acordo com o Sindicato Médico da cidade. Estima-se que 80% dos profissionais tenham adotado essa cobrança.
Audiência pública
"É uma violência", diz vereadora de Caxias sobre cobrança de taxa de parto
Parlamentar ressalta que pagamento para disponibilidade de médicos constrange as mulheres
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