Vice-prefeito e secretário da Saúde de Nova Bassano, Ivanor Biotto reforça que a situação hospitalar da cidade é preocupante, e vai piorar se os leitos do SUS migrarem de acordo com a proposta do Estado:
- Não sabemos mais onde nos agarrar. A União não banca, o Estado não banca e as cidades referência querem cobrar o co-financiamento para receber nossos pacientes. A gente até entende que a tabela do SUS não acompanha a realidade, mas não é obrigação do município.
A meta da Secretaria Estadual da Saúde é migrar cerca de 3 mil leitos de baixa complexidade para hospitais de média e alta complexidade em todo o RS. Em contrapartida, a promessa é abrir leitos nas cidades referência para absorver a demanda. Na Serra, Caxias do Sul e Bento Gonçalves são os municípios mais procurados por conta da estrutura.
Gertrudes Pelissaro dos Santos, diretora-geral do hospital de Paraí, diz que não haverá outra saída senão fechar as portas.
- O hospital foi construído com esforço da comunidade há 70 anos. Claro que os recursos públicos não são suficientes, mas somente com o privado não teríamos como sobreviver. Estamos elaborando documento para o Corede Serra sobre o nosso posicionamento pela manutenção dos hospitais pequenos.
Diante da notícia veiculada no início da semana passada, até mesmo comunidades não listadas pela Famurs se mobilizaram, caso de Nova Petrópolis. Mateus Zucolotto, administrador do único hospital da cidade com 25 leitos, convocou reunião com prefeitos de três cidades para esclarecer a expansão de leitos privados e públicos.
- Precisamos transferir a alta complexidade, mas o restante poderia ser absorvido.
Nesta terça-feira, a secretária da Saúde de Caxias, Dilma Tessari, voltará a exigir mais participação financeira dos municípios nos atendimentos realizados nos hospitais Pompeia e Geral, e também na Clínica Paulo Guedes. A reivindicação será apresentada novamente em reunião com outros secretários de saúde da Serra na 5ª CRS.
Dilma afirma que a prefeitura de Caxias pagou R$ 25 milhões para complementar os custos hospitalares em 2014. Desse total, 22%, ou R$ 5,5 milhões, se referem a internações e procedimentos para moradores de outras cidades.
- Queremos dividir a conta de acordo com o número de atendimentos prestados. A cidade também arca com a conta da radioterapia, pelo Hemocentro e pela Clínica Paulo Guedes.
A Famurs insiste no investimento nas pequenas instituições como forma de descentralizar o SUS e aliviar as cidades que são referência.
- Quanto tempo levará para o Estado criar novos leitos? Se não há recursos para manter o que temos hoje? - questiona Kuhn.
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