
Ao mesmo tempo em que se busca soluções para que carretas transitem em segurança por precárias estradas, a Serra Gaúcha batalha por uma sobrevida ao aeroporto Hugo Cantergiani e pela construção de um novo, em Vila Oliva. A CIC defende que o novo terminal transporte cargas e seja internacional, proposta que não é unanimidade entre o empresariado. Em entrevista ao programa Gaúcha Repórter desta segunda-feira, o ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha, disse que o terminal deve ser regional e que caso Portão, na região metropolitana, também receba um aeroporto, não haverá demanda para que ambos contem com terminal de cargas.
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- Na minha visão eu acho que faltará carga se tivermos os dois, agora, se aí (em Vila Oliva) tiverem empreendedores que querem e vão fazer, na certa eles desmotivarão a necessidade de fazer o Vinte de Setembro (em Portão), porque o Rio Grande do Sul não tem toda essa carga aérea. Carga aérea é para alto valor agregado, se não, o preço do frete inviabiliza o negócio propriamente dito - explica.
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Também em entrevista ao programa, a diretora do Departamento Aeroportuário do Estado (DAP) Lígia Barreto, explicou que a instalação do ILS, equipamento que possibilitaria operações por instrumento em caso de mau tempo, não é possível no Hugo Cantergiani devido ao rigor do plano de proteção necessário.
- Existem rampas de proteção imaginárias de proteção no entorno, para que o ILS funcione. Prédios que hoje existem seriam obstáculos para a operação do ILS. Teria que desmanchar prédios, torres de caixas d'água, e não são poucos. Certamente Vila Oliva, quando executado o projeto, já vai estar contemplado com um tipo de projeto com o ILS, porque a área é livre - salienta.
A Serra Gaúcha ainda terá de enfrentar muitos obstáculos até que os governos voltem as atenções às precárias estradas e ao aeroporto e a mobilidade passe a ser prioridade. No cenário atual, em que os produtos são 19% mais caros por causa da logística, as respostas às demandas são vagas. Com o modal rodoviário como única opção, a região encara vias sinuosas e em pistas simples, mal sinalizadas e cruzamentos perigosos, onde acidentes são constantes pela falta de intervenções como viadutos e elevadas.
O que eles disseram:
- Da nossa parte, queremos tantos aeroportos quantos sejam possíveis, então muito melhor que tenha havido essa iniciativa (interesse de investidores internacionais). Nós seremos parceiros. Havendo interesse do município e comprovada a viabilidade técnica do que está sendo proposto, não haverá nenhum problema em conceder.
Ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha, sobre a possibilidade de conceder a construção do novo aeroporto de Vila Oliva à iniciativa privada
- É muita trovoada e pouca chuva, como dizem aí no Rio Grande. O Vinte de Setembro é uma possibilidade, para o futuro, o governo estuda não está nem decidido se vai colocar na concessão do Salgado Filho o Vinte de Setembro. Pode perfeitamente ter um projeto sendo desenvolvido na Serra que não vai ser prejudicado pelo Vinte de Setembro. O Vinte de Setembro ainda não existe, vamos deixar claro. Existe uma pretensão, um estudo feito pelo Departamento Aeroviário do Estado no governo anterior, mostrando a conveniência, mas objetivamente não existe nada aqui na Secretaria de Aviação Civil, ele não existe ainda contemplado no processo de concessão, por enquanto ainda é muito sonho.
Ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha, sobre a possibilidade de Aeroporto Vinte de Setembro, em Portão, ser prioritário ou não ao de Vila Oliva
- O Hugo Cantergiani não pode ser expandido, mas opera. Não vamos agora inviabilizar o que está servindo à população. Nós do governo federal devemos avaliar o que é indispensável de fazer para que ele possa manter os serviços. Não podemos abandonar, porque Vila Oliva vai demorar.
Ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha, sobre a sobrevida do Hugo Cantergiani
- Tem demanda para passageiros. Carga a gente sabe do estudo da CIC, só que esse investimento que vai ser feito em Caxias é contemplado no investimento em logística e foca apenas em passageiros.
Diretora do Departamento Aeroportuário do Estado (DAP) Lígia Barreto
- Temos 15 portos hidroviários que podem ser explorados. Estamos a menos de 100 quilômetros de um deles, que é o porto de Estrela.
Nelson Sbabo, diretor de Infraestrutura e Política Urbana da CIC
- A culpa é de quem através dos anos não acompanhou o crescimento. A região é uma das que mais contribui para manter o Estado funcionando.
Nelson Sbabo, diretor de Infraestrutura e Política Urbana da CIC