Em junho de 2013 a população foi às ruas dizer que os políticos em cartaz não os representavam. No ano passado teve eleição. Estamos, pois, representados por outra turma, embora saibamos que grande parte das figuras de 2013 ainda estão por aí. Na prática, não mudaram os abutres nem mudou a carniça.
A turma eleita no ano passado anda às voltas com assuntos importantes. O nosso futuro é um desses assuntos. Congresso e governo se digladiam sobre o momento da vida em que você terá direito a receber o teto da aposentadoria, pouco mais de R$ 4 mil, valor semelhante ao auxílio-moradia pago a juízes, promotores etc. Está claro que deputados e governo querem adiar ao máximo o momento em que você terá direito à aposentadoria máxima.
A explicação é simples: a Previdência Social quebrar se os gastos aumentarem. Faz sentido.
Por esse mesmo motivo o governo passou a tesoura no seguro-desemprego e nas pensões, conquistas sociais que deveriam ser tão imexíveis quanto é imexível a aposentadoria de um ex-governador (R$ 30 mil/mês)
Toda essa movimentação em torno do modelo de aposentadoria faria muito mais sentido se Congresso e governo estivessem, paralelamente, empregando energias para alterar as regras que repassam milhões de reais por mês a um punhado de privilegiados sob a alegação do "direito adquirido". Ok, talvez (talvez) não se possa mexer em direito adquirido, mas com algum esforço daria para alterar as regras e evitar que essas monstruosidades beneficiem outros brasileiros daqui por diante. Com o tempo, conforme os beneficiados fossem morrendo, os privilégios seriam extintos. Esse raciocínio é tão básico que chega a ser uma ofensa oferecê-lo aos 17 leitores da coluna.
Nossos representantes eleitos em 2014 diferem quase nada dos representantes que refugamos em 2013. Na verdade, os atuais podem ser ainda piores. Ponha a lupa sobre a reforma política. Pode-se dar qualquer nome ao monstrengo gestado no Congresso, menos reforma política.
E assim seguimos, com os políticos pintando e bordando e nós repetindo amém amém amém.
Será que o mal que nos aflige está na água que bebemos? Só pode ser, nada mais explica nosso comportamento de cordeiros diante de tantas barbaridades.