Cinquenta anos atrás, Secundino Pereira tinha 36 anos. Foi serralheiro, depois metalúrgico da Eberle por 20 anos. Nas horas vagas batalhava com a comunidade do Salgado Filho em busca de melhorias. Atuava num CTG, emprestava o porão de casa para celebração de missas, agregava a vizinhança.
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Anos depois, presidente da Amob por dois mandatos, conseguiu que a prefeitura construísse a primeira escola do bairro. Ajudou a erguer uma igreja e conquistou a primeira linha de ônibus (Secundino acompanhou o então prefeito Victório Trez na primeira viagem bairro-centro).
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Secundino está com 86 anos, mora no Lar São Francisco de Assis há nove meses, anda apoiado numa bengala de madeira bem torneada. Miudinho, Secundino sorri e ri muito. Secundino ri com a boca, sorri com os olhos. O ralo cabelo branco recorda que não estamos na companhia de um guri, mas de um homem vivido, experiente, por isso sábio e, creiam, feliz.
Em pouco mais de uma hora de conversa, as palavras que Secundino mais verbalizou foram "bem" e "bom", incluindo aí as infinitas variáveis que os termos permitem. Não concluam apressadamente, porém, que o bem é dito da boca pra fora. São os olhos muito azuis que confirmam:
- Me sinto muito bem aqui. É como se estivesse com meus pais. Aqui todo mundo se dá bem. A gente sendo do bem, encontra gente boa. Mas a gente tem que caprichar também....
* Gilberto Blume é colunista diário do Pioneiro
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