Gilberto Blume: nosso sistema de resolver crises roça o primitivismo

Um de nossos problemas, de fato, é o sistema. Sistema, nesse caso, equivale ao jeito, ao processo, à forma de conduzir as coisas. Nosso sistema de resolver crises roça o primitivismo.

A educação.

O governo federal deu nova prova de que está se lixando para a Pátria Educadora. Após semanas enrolando, dizendo que um problema no sistema impedia que 215 mil novos universitários aderissem ao Fundo de Financiamento Estudantil, o Fies, o governo teve de admitir não ter dinheiro para financiar a faculdade de todos esses jovens.

Detalhe: esses jovens estão frequentando a faculdade há três meses. Foram enrolados durante três meses por um governo que alegava problemas no sistema para mascarar a gestão falha dos recursos do Fies.

O próprio ministro da Educação disse e redisse que a falha era do sistema, que havia dinheiro suficiente para todos os novos inscritos, que o problema do sistema logo seria resolvido, que. O novo ministro da Educação, quem diria!, aprendeu cedinho a dominar o sistema, o jeito de governar enrolando o cidadão.

Foi preciso que a Justiça determinasse que o governo prorrogasse o prazo de inscrição ao Fies para depois de 30 de abril para que a mentira do sistema emergisse.

- De que adianta reabrir vagas se não temos mais recursos? - admitiu o ministro Renato Janine Ribeiro num surto de sinceridade.

Cá fora, na vida real, milhares de jovens vararam madrugadas tentando acessar o tal sistema que, sabe-se desde anteontem, era um engodo. O futuro acadêmico de mais de 250 mil jovens está incerto, à deriva, boiando num modelo de gestão absolutamente inconfiável.

A UCS abriga 3.417 acadêmicos do Fies. Esse número deve chegar a 3,6 mil, 3,7 mil até o fim de maio, conforme os contratos forem assinados.

O engodo federal não afetou inscritos da UCS porque todos os interessados se inscreveram no Fies em março, antes de o governo anunciar com pompa a abertura enganosa de novas inscrições.

A FSG abriga 1.109 alunos com Fies. Todos têm o contrato assegurado.

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Um abraço especial aos colegas que assinaram esta coluna durante os últimos dias. Com certeza, o espaço agora tem bem mais de 17 leitores.