O Rio Grande do Sul, Caxias incluída, está na expectativa de receber nova leva de senegaleses. São diversos ônibus lotados saídos do Acre. A viagem ao Sul está sendo patrocinada pelo governo federal. A essa hora, a chegada a Porto Alegre talvez já tenha ocorrido. Bem, a vinda dos senegaleses é inevitável. O que poderia ser providenciado, e não é, é uma recepção digna, organizada, humanizada. Desde que os haitianos, senegaleses e ganeses entram no Brasil, geralmente lá no distante Acre, são empilhados em depósitos de gente. A situação não muda muito quando alcançam São Paulo, Criciúma, Passo Fundo e Caxias, alguns dos destinos prediletos dos estrangeiros.
Coordenadora do Centro de Atendimento ao Migrante de Caxias, Irmã Maria do Carmo Gonçalves disse ontem à Rádio Gaúcha que as autoridades não têm plano algum para receber os imigrantes. O tom é de desabafo:
De fato não há uma articulação entre as estâncias de governo federal, estadual e municipal no sentido de favorecer que as pessoas cheguem com uma certa estrutura de acolhimento. Não há uma articulação dessas ações diretamente com o município. A gente fica sabendo pela imprensa ou por outros meios que não seriam os oficiais. Há uma outra questão. Aqui em Caxias esse movimento já tem no mínimo uns três ou quatro anos. Então, do nosso ponto de vista, já haveria tempo, mais do que hábil, de que o município também tivesse se estruturado melhor para atender essa demanda, sabendo que não é algo passageiro. Com certeza o município, seja pela localização, pela questão do trabalho ou pelos serviços que oferece vai continuar recebendo essas pessoas. Tivemos um grande fluxo nesses quatro anos: em 2012 com o senegaleses, em 2013 com os haitianos, no ano passado o grande fluxo de imigrantes de Gana. Esses fluxos se mantiveram contínuos.
O desabafo de Irmã Maria do Carmo é dirigido a Caxias, mas o problema é geral. Bem que Caxias podia adotar medidas que servissem de exemplo. Nesse caso específico, as autoridades federais, estaduais e municipais poderiam ter conversado e articulado a chegada dessa nova leva de estrangeiros. Também nesse caso dos imigrantes, sempre fica a impressão de que não aprendemos com as experiências. Por que sempre partimos do zero? .
Opinião
Gilberto Blume: bem que Caxias podia adotar medidas que servissem de exemplo
Nesse caso dos imigrantes, sempre fica a impressão de que não aprendemos com as experiências
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