Somos seres curiosos.
Embora muitas vezes seja elogiável, nossa natural inclinação para subverter a ordem das coisas às vezes não passa de imaturidade, quando não desrespeito e total falta de noção sobre as regras básicas de convivência.
O som exageradamente alto emitido livre e impunemente por um punhado de folgados ao volante retrata bem os excessos que cometemos em nome do livre arbítrio.
Há inúmeros exemplos de ações que golpeiam a cidadania e, não raro, ainda enviam a fatura para a minha, para a sua, para as nossas casas.
É preciso que se armem esquemas gigantescos e caros para atacar o que sequer deveria existir.
O Samae divulgou que até abril flagrou 205 gatos na rede de água, média de 1,7 fraudes por dia. Em todo o ano de 2014 foram descobertas 519 infrações.
Os gatos encarecem a água que pagamos, obviamente. O mesmo se dá com a energia elétrica, telefonia, etc.
O pior talvez nem seja a conta que aumenta, mas o fato de a malandragem se apropriar de riquezas e bens públicos para obter alguma vantagem.
Na sexta, a prefeitura liderou a segunda Força-Tarefa de Fiscalização e Combate à Perturbação do Sossego Público. Traduzindo: um grupo numeroso de homens e viaturas circula pela cidade atrás de pessoas, veículos e estabelecimentos em desacordo com as regras.
A operação de sexta ocorreu entre as 20h e as 23h30min. Resultado: um estabelecimento comercial foi fiscalizado, quatro veículos foram autuados e 18 pessoas abordadas.
Essas três horas e meia ocuparam 18 homens da prefeitura, da Guarda Municipal, da Brigada Militar e da Polícia Civil, além de cinco viaturas.
A Força-Tarefa é importante?
É.
A Força-Tarefa, inclusive, foi montada em resposta ao clamor coletivo contra essas minorias que se acham vanguarda, mas não passam de arruaceiros. Mas, combinemos: 18 homens e cinco viaturas por certo têm mais a fazer do que puxar a orelha de alguns sem noção. Somos seres curiosos porque empregamos nossa liberdade para atazanar a vida alheia. Para piorar, sabemos que, mesmo flagrados, não vai dar em nada.
Opinião
Gilberto Blume: 18 homens e cinco viaturas por certo têm mais a fazer do que puxar a orelha de alguns sem noção
Somos seres curiosos porque empregamos nossa liberdade para atazanar a vida alheia
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