A 4ª Coordenadoria Regional da Educação (4ª CRE) reconhece que crianças e adolescentes de Cazuza Ferreira, no interior de São Francisco de Paula, faltam aulas além do normal ou abandonam os estudos por dificuldade de acesso ao transporte. A situação constatada por uma equipe da 4ª CRE, na terça-feira, é considerada preocupante pois a infrequência ocorre toda semana entre os 120 alunos de duas escolas estaduais do Ensino Fundamental.
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Reportagem do Pioneiro mostrou que estudantes são obrigados a empreender longas caminhadas na madrugada apenas para chegar ao colégio ou a um ponto de ônibus. A maratona involuntária seria provocada pela precária conservação de estradas de chão, o que impede a livre circulação de veículos. A prefeitura de São Francisco de Paula, porém, garante que os caminhos estão em bom estado e todos os jovens são atendidos por transporte público.
É um quadro diferente do verificado pela professora Janice Terezinha Zambarda Moraes, adjunta na coordenação da 4ª CRE. Ela visitou Cazuza Ferreira nesta semana acompanhada de técnicos do setor de estrutura e funcionamento dos colégios sob a responsabilidade do Estado. A equipe conversou com diretores e moradores para compreender as barreiras que afastam os jovens da sala de aula. O problema é mais recorrente na comunidade de Pedra Lisa.
- As faltas são muito acima do normal, o que nos deixa preocupados. Essa infrequência é semanal: um aluno vai na aula três dias e falta outros dois, por exemplo, e isso teria relação com a questão das estradas e o transporte - constata Janice.
Outro descaso denunciado pelos moradores e confirmado pela 4ª CRE envolve alunos do Ensino Médio que enfrentam barreiras no deslocamento entre Cazuza Ferreira e o distrito de Lajeado Grande, onde funciona uma escola estadual. Boa parte dos estudantes vem de famílias que tiram sustento da lavoura e de pequenas criações de animais.
Janice explica que existe um convênio entre Estado e prefeitura para subsidiar as passagens, mas esse acordo estaria sendo cumprido de forma irregular. Pais são obrigados a pagar pelo transporte privado porque a oferta dos motoristas contratados pela prefeitura é menor do que a procura.
Sem alternativa, as famílias puxam dinheiro do bolso ou dependem de auxílio de uma cooperativa. Haveria inclusive pressão de transportadores para não matricular todos os adolescentes no Ensino Médio por falta de vagas em micro-ônibus. Levantamento aponta 12 alunos de Cazuza Ferreira inscritos em Lajeado Grande, mas haveria jovens fora da sala de aula.
- Encontramos adolescentes que sequer frequentam a escola por falta de condições de pagar por ônibus. A solução para o Ensino Médio seria ter um trajeto diferente de Cazuza para Lajeado Grande - aponta Janice.
O resultado da vistoria será encaminhado para o coordenador da 4ª CRE, Paulo Périco. Ainda não está definida qual medida será adotada.
Superação no campo
4ª CRE identifica alunos faltosos ou sem escola em Cazuza Ferreira, no interior de São Francisco de Paula
Dificuldade de acesso a transporte, que força longas caminhadas na madrugada, é uma das causas
Adriano Duarte
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