A morte de Renato Eduardo dos Santos, 1 ano e 10 meses, baleado com um tiro no peito em Caxias do Sul, tem duas versões que só devem ser esclarecidas nos próximos dias pela Delegacia de Homicídios.
A primeira, sustentada por familiares do menino, aponta Anderson Macedo dos Santos, 27, como o autor do homicídio. O homem é padrasto da criança e supostamente teria atirado no garoto durante um desentendimento familiar numa casa no bairro Santa Fé, por volta das 15h desta segunda-feira.
A outra versão é a de Anderson em depoimento informal a policiais militares: ele disse que o disparo foi acidental, sem intenção de atingir ninguém. Revoltada, a mãe do menino, Silvana Paim dos Santos, 43 anos, teria atirado no abdômen do companheiro. Essa versão, porém, foi negada pela mulher durante depoimento no plantão da Polícia Civil.
Anderson está internado no Hospital Pompéia, onde foi submetido a cirurgia. Ele deve ficar no hospital sob a custódia da Brigada Militar (BM). A BM apreendeu uma pistola calibre 6.35 municiada, supostamente usada por Anderson.
A irmã da criança, Josiane dos Santos Fernandes, 22, disse ao Pioneiro que tudo começou quando seu marido foi até a moradia para falar com ela.
- Meu marido nem entrou na casa e ficou na porta para falar comigo. Daí o Anderson, que estava sentado no sofá na sala, começou a dizer que meu marido estava com ciúmes dele. Daí, o Anderson sacou a pistola e atirou. Mas ele não atirou contra meu marido, atirou na direção do meu irmãozinho - conta Josiane.
A vítima estava parada na porta da casa ao lado de outra criança, entre o atirador e o marido de Josiane. O menino caiu no chão. O disparo desencadeou uma confusão dentro da moradia. O que aconteceu a partir desse momento não ficou esclarecido. Segundo Josiane, o padrasto tentou disparar contra a companheira. Teria ocorrido luta corporal entre os dois. Anderson então teria sido baleado por alguém dentro da casa. A primeira informação era de que Silvana teria feito o disparo, o que ela negou em depoimento.
- Não está claro quem atirou em Anderson, havia muitas pessoas na cena do crime. A mulher (Silvana) negou, mas a autoria dessa tentativa de homicídio só vai ser esclarecida na investigação. Pode ter sido qualquer pessoa, está muito nebuloso - diz o delegado plantonista Caio Márcio Fernandes.
Após ver o filho baleado, Silvana pegou a criança no colo e saiu para a rua para pedir ajuda. Um vizinho socorreu o menino até o Postão 24 horas, mas ele não resistiu aos ferimentos.
Nesse meio tempo, uma criança pegou a pistola que ficara caída no piso da casa e entregou a uma familiar de Josiane. Uma equipe da BM esteve no local e encontrou esse homem com a arma na mão. Ele acabou sendo detido e levado para prestar esclarecimento na delegacia. Os PMs também encontraram Anderson deitado numa cama e ferido. Foi nesse momento que ele confirmou que o disparo contra Renato havia sido acidental.
O menino morava com a mãe e o padrasto há menos de um ano no Santa Fé. Eles vieram de Esmeralda em 2014 para viver em Caxias do Sul. Familiares do garoto disseram ao Pioneiro que havia problemas no relacionamento entre o casal.
- Meu irmãozinho não merecia isso, não merecia - desabafou Josiane.
Homicídio
Morte de menino de um ano, em Caxias do Sul, tem duas versões
Padrasto sustenta tiro acidental mas familiares da criança afirmam que ato foi intencional
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