Estas mal traçadas foram escritas antes da eleição para a presidência da Câmara dos Deputados. Todos os quatro candidatos eram apoiadores do governo Dilma, mas a presidente tinha especial predileção pelo petista Arlindo Chinaglia. Ela precisará de todo o apoio possível para encarar o ano turbulento, e nada melhor que um companheiro comandando a Câmara.
Fiel ao governo, Chinaglia jamais (supõe-se) colocaria em pauta os pedidos de cassação e de CPI surgidos por causa da Operação Lava-Jato. Não é o caso do peemedebista Eduardo Cunha. Embora integre o partido de Michel Temer, vice de Dilma, Cunha é um saco de péssimas surpresas. Cunha é capaz, sim, de dar andamento aos pedidos de investigações contra a presidente. Correndo por fora, dois azarões: Júlio Delgado (PSB-MG) e Chico Alencar (PSOL-RJ). Ambos tinham pouquíssimas chances de vencer.
Vencendo Chinaglia, vencendo Cunha, seguiremos na mesma: a Câmara dos Deputados seguirá sendo a Casa da Mãe Joana, lugar em que o toma-lá-dá-cá viceja e se fortalece. Chinaglia obteve apoio de Paulo Maluf, daí se tem boa noção das alianças que os petistas costuraram para conseguir comandar a Câmara. Cunha responde a processos por improbidade e outros crimes mais ou menos cotados na bolsa da impunidade.
Acontecimento que ilustra pra lá de bem a política cometida no país: no sábado, véspera da eleição à presidência, 20 mulheres de deputados federais ofereceu um chá para Eduardo Cunha pedindo que ele, caso vencesse, voltasse a fornecer passagens áreas às esposas dos deputados, tudo pago pela Câmara, naturalmente.
Como se vê, precisaremos renovar nossas provisões de paciência e de fé, pois ainda não será desta vez que a moralidade será o guia dos nossos políticos. Ou alguém aí crê, de fato, que Maluf fez campanha para Chinaglia porque considera que o petista será bom presidente da Câmara? Ou alguém aí crê, de fato, que a mulherada bebericou chá ajoelhada diante de Cunha sem o aval dos maridos deputados?
Em Porto Alegre, a posse dos deputados estaduais foi particularmente deprimente para Caxias. O segundo maior colégio eleitoral gaúcho foi incapaz de eleger ou de reeleger um deputado que fosse.
Que fase...
Opinião
Gilberto Blume: Precisaremos renovar nossas provisões de paciência e de fé com os políticos em Brasília
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