Hoje faz uma semana que Henrique dos Santos Muniz morreu. Ontem à noite, protesto de rua pediria paz. Henrique tinha 18 anos e tombou trabalhando, vitimado por uma bala em tiroteio entre um ex-PM e dois assaltantes. Henrique tinha 18 anos.

Hoje faz três dias que Maicon Doglas de Lima morreu baleado pelas costas. Maicon foi alvejado durante tiroteio em briga de torcidas com PMs após o jogo Novo Hamburgo x Aimoré.
Maicon tinha 16 anos.
Vivos, Henrique e Maicon eram alvos do Juventude Viva, programa lançado pelo governo federal em dezembro de 2013 que objetiva reduzir a violência contra (e entre) brasileiros de 15 a 29 anos. Não deu tempo de o programa federal alcançar Henrique e Maicon.
Tomara o Juventude Viva chegue a tempo de manter vivos outros brasileiros. O programa é conduzido por 11 ministérios. É impossível imaginar que 11 ministérios atuando juntos não consigam apresentar resultados menos que espetaculares - e que seja logo.
Alguns dados revelados pelo Mapa da Violência: Homicídios e Juventude no Brasil, 2014, lançado agora em janeiro pelo professor Julio Jacobo Waiselfisz:
Considerando a população brasileira total, nossa taxa de 27,4 homicídios por 100 mil habitantes é:
274 vezes maior que as da Inglaterra e Gales ou Omã
137 vezes maior que as do Egito ou Marrocos
91 vezes maior que as do Reino Unido ou Japão
Já nossa taxa de 54,5 homicídios por 100 mil jovens de 15 a 29 anos resulta:
545 vezes superior às taxas de Hong Kong
273 vezes superior às taxas da Inglaterra ou Japão
137 vezes superior às taxas da Alemanha ou Áustria
A violência cometida contra o brasileiro não é mais só física.
O governo federal traiu a confiança de todos os eleitores, vencedores e perdedores, ao decretar reajustes de serviços públicos, impostos, combustíveis.
A traição contra o povo também partiu dos deputados e dos juízes, categorias que se concederam benefícios vergonhosos enquanto o cidadão é obrigado a apertar o cinto mais uma vez.
A violência é moral, derruba o resto de confiança que ainda tínhamos nos Três Poderes.