Gilberto Blume: A área da Maesa tem enorme potencial. É preciso cuidar para não entregá-la inteira ao poder público

É extraordinário que o prefeito tenha assinado a documentação que eleva a Maesa à condição de patrimônio histórico de Caxias. A simples assinatura altera toda a história que se arrastava há anos e que podia, inclusive, dar em nada. Desde 2014 o caso Maesa tem avançado a passos largos. Definitivamente, rapidez não é a regra na coisa pública (vide os cidadãos que aguardam meses por solução na telefonia ou em buracos de rua, esgoto jorrando, etc). De todo modo, ou justamente por contrariar a danosa burocracia, o canetaço de Alceu merece elogios.

Após três arrastados anos esperando tombamento, a Maesa ganhou impulso porque o ex-governador Tarso criou um projeto doando o complexo ao município. Jamais saberemos se o nobre gesto de Tarso foi ou não eleitoreiro, mas o fato é que o nó começou a ser desatado.

A Assembleia também cooperou, aprovando a doação antes do fim do ano. A condição do projeto de Tarso: o município tem um ano para definir a ocupação e a gestão da Maesa. Por certo o prazo de um ano foi levado em conta para que o prefeito assinasse logo o tombamento. Alceu jamais correria o risco de ser acusado de ter travado a Maesa. Ademais, o prefeito tem total interesse de entrar 2016, ano eleitoral, com o futuro daquele complexo definido. É irrelevante se há ou não interesse eleitoral no episódio, pois está consagrado que as demandas da sociedade geralmente só avançam se o grupo político em cartaz terá algum retorno.

Voltando à vaca fria: um ano é bom tempo para definir a estratégia da Maesa. Ponto para Tarso, que determinou o prazo sob pena de a Maesa voltar ao Estado. Tivesse mais tempo, o município correria o risco de se deixar envolver pela burocracia barroca, a pérola cunhada por Tarso em Caxias ao justificar a lentidão da máquina pública.

Sabemos, a área da Maesa tem enorme potencial. As entidades que formam a comissão que definirá seu uso precisam ficar atentas para que o espaço não seja integralmente entregue para o poder público estender seus braços abrindo mais guichês, mais secretarias, mais órgãos, mais.

A Maesa deve ser planejada com criatividade e inteligência. Se possível, com interferência mínima dos grupos sempre interessados em tirar uma lasquinha eleitoral para se manter no poder.

Sorte e juízo aos envolvidos.