
Abalada, a família da adolescente que perdeu o bebê na madrugada desta quinta, horas depois da jovem ter sido atropelada por bandidos suspeitos de assaltar um pet shop, aguarda no hospital a recuperação da menina.
Priscila Omildo Padia, 16 anos, estava na 35ª semana de gestação e passou por cesárea para a retirada do feto. Atingida por um C3 roubado no bairro Euzébio Beltrão de Queiróz, ela também fraturou a perna.
Familiares relatam que na hora do atropelamento Priscila voltava com os sobrinhos de um mercado. Uma amiga da família conta que escutou a troca de tiros entre criminosos e a polícia e depois viu a jovem caída, com muito sangue na perna.
- Achamos que ela havia levado um tiro. Ela reclamava de muita dor no corpo e na barriga. Logo tinha um monte de gente em volta dela. A nossa vontade era pegar ela e levar para o hospital, mas esperamos a SAMU - conta a mulher, que prefere não se identificar.
No Hospital Pompéia, segundo familiares, a adolescente passou por ecografia e o bebê estava bem. À noite, a jovem fez um cirurgia de duas horas por causa de uma fratura no joelho e foi para a sala de recuperação às 23h.
- Os médicos falaram que o procedimento era de risco, porque ela estava grávida e a anestesia era geral. Depois, foi feita a cesárea de urgência. Tentaram reanimar o bebê, mas ele morreu. Ela (Priscila) não quis ver a criança - contra a irmã da adolescente, uma auxiliar de limpeza de 25 anos.
Priscila seria mãe de uma menina e já havia escolhido o nome: Lorrane. Feliz com a proximidade do nascimento da filha, a jovem tinha pronto o enxoval do bebê, todo em tons de rosa. A maioria das peças foi presente de vizinhos e parentes.
No próximo dia 10, Priscila completaria nove meses de gravidez e estava em dúvida entre duas roupas que gostava muito para ser aquela que Lorrane usaria pela primeira vez, no hospital.
- Ela estava muito feliz com a gravidez - lembra a irmã.
A gravidez não havia sido planejada, mas toda a família apoiava Priscila, que mora com os pais, a irmã, o cunhado e três sobrinhos no bairro Euzébio Beltrão de Queiróz. A mãe da adolescente, internada desde sábado também no Pompéia, ainda não sabe que a filha perdeu o bebê. Há cinco meses, a mulher teve um AVC.
- Não adianta ficar revoltado ou culpar alguém. Isso acontece em todo o lugar, mas é muito triste para a família - encerra a irmã de Priscila.