Fim de ano é sinônimo de cidade quase vazia.

Quase.
Embora tudo fique mais leve, menos corrido, mais fluido, um bocado de gente permanece aqui e, naturalmente, prossegue com as mesmas necessidade anteriores à debandada.
Essas necessidades, porém, custam mais para serem aliviadas numa cidade semideserta.
Quem fica acaba curtindo, involuntariamente, um sentimento de perda, como se fôssemos abandonados à própria sorte. Esse movimento migratório tem aspectos positivos para quem fica, claro, mas.
Mas durante o ano inteirinho o sujeito é fiel à padaria, ao restaurante, à farmácia, à garagem, à livraria, ao bar, à UBS, ao posto de gasolina.
Perto do Natal os estabelecimentos fecham e o sempre fiel cliente é empurrado para endereços desconhecidos ou mui raramente frequentados.
O bom disso é que quebramos a própria rotina, frequentamos novos pontos, vemos outras caras. Há, inclusive, quem descobre novas opções, troca as preferências e passa a bater ponto em outro endereço, numa espécie de vingança veleda contra os "traidores do calendário". Mas, combinemos, é sempre quase como se ficássemos um pouco órfãos. Vai dizer que você não se sente um tantinho rejeitado, desprestigiado ao ler os avisos "Fecharemos no dia 19 de dezembro e reabriremos no dia 5 de janeiro"?
Há quem acrescenta essas alterações da rotina na conta da melancolia pré-fim de ano que assombra tantos de nós. Exageros à parte, é ruim, sim, termos os hábitos alterados sem que tenhamos sido consultados. Sim, todos merecemos descansar, inclusive quem nos serve o ano inteiro, mas que é estranho, é.
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Na antevéspera do Natal bati um recorde que reivindico seja anotado no Guiness: entrei num shopping no fim da tarde e consegui comprar sete (SETE) presentes em apenas 25 minutos. A rapidez na ação não pode ser creditada ao baixo movimento da época (o shopping bombava), e sim aos acertados conselhos dos especialistas: vá às compras focado no que você quer comprar e no valor que pretende gastar.
Fica a dica para 2015.