No dia 1º de dezembro chegamos ao 6º ano de vigência da lei que determina que os call centers têm até 1 minuto para atender o consumidor.
Como sói acontecer com frequência nesse brasilzão, a lei é boa, mas a lei não funciona.
Moradores de Caxias relatam que nos últimos dias permaneceram 15, 20, 30 minutos pendurados no telefone tentando falar com a RGE por causa de problemas de energia causados pelo temporal.
A RGE, sejamos didáticos, é uma empresa privada que venceu uma licitação para obter o direito de explorar o serviço de energia elétrica de considerável naco do Rio Grande do Sul. É uma concessionária pública igual à Visate, igual a táxis, igual às telefônicas, igual à aviação, igual.
A RGE é a atual mosca do alvo porque o temporal provocou danos na rede elétrica.
O péssimo atendimento das concessionárias não é exclusivo da RGE.
Sejamos francos: não é novidade para ninguém que o serviço de informações prestado pelas concessionárias é ruim no geral.
Uma colega está sem telefone há um mês. Ato de desespero, ela tenta falar com a Agência Nacional de Telecomunicações, a Anatel, órgão que regula e fiscaliza o setor.
Pasmem, ninguém atende no 0800 da Anatel.
Na real, ninguém mais tem estômago para suportar tanta desfaçatez.
A portaria que estabelece prazo de 1 minuto aos call centers foi assinada pelo então ministro da Justiça Tarso Genro (PT), nosso governador.
À época, em 2008, Tarso celebrou a portaria como grande vitória do cidadão brasileiro.
- Digo que esta portaria é uma conquista dos consumidores e uma conexão da demanda dos próprios consumidores sobre o ministério público, unidades do Procon e as entidades de defesa - discursou o então ministro Tarso.
De fato, a lei do 1 minuto foi conquista importante, mas.
Mas o passar do tempo permitiu que a lei do 1 minuto escorregasse para a vala comum que sepulta tantas boas leis brasileiras.
Seis anos depois, nem parece que um dia nos prometeram alguma dignidade no atendimento dos serviços públicos básicos.
Pior é saber que quem deveria defender o cidadão está cada vez mais de braços cruzados.
Opinião
Gilberto Blume: Ninguém mais tem estômago para suportar tanta desfaçatez das concessionárias públicas
Pior é saber que quem deveria defender o cidadão está cada vez mais de braços cruzados
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