Melhor seria voltar para o Polo Norte. Em Caxias do Sul, definitivamente, o Papai Noel está com os dias contados.
No comércio, onde o caxiense se acostumou a ver o bom velhinho distribuir guloseimas e tirar fotos com a criançada no colo, essa presença rareia na mesma medida em que se torna mais tímida a decoração natalina. Nesta semana, perambulei por lojas de diversos segmentos na área central, oferecendo meus préstimos para encarnar o senhor de trajes vermelhos e barba branca. E voltei para a redação decidido a seguir no Jornalismo.
_ Esse ano estamos em reforma e perdemos espaço na loja. Fica difícil ter o Papai Noel. Mas temos vaga para maquinista do trem, esse continua. É só botar a roupa e brincar com a criançada _ ouvi da gerente da loja de brinquedos de temática ferroviária.
Uma rápida caminhada pelas ruas principais do centro de Caxias é suficiente para perceber que os poucos noéis visíveis são de plástico, gesso, pano ou algo que o valha. Movimentos, apenas programados.
Mesmo na Praça Dante Alighieri, a banda do velhinho é de bonecos animados, com mensagens gravadas. Tempos desoladores para o Papai Noel que insiste em ser de carne e osso.
- Esse ano vamos ter só nos sábados, mas será um funcionário da loja. Durante a semana tem um custo que não compensa - comenta a gerente da loja de utilitários domésticos. E olha que eu só cobraria R$ 20 a hora.
Não é que o Papai Noel esteja sendo rejeitado. Ele apenas deixou de ser prioridade.
Alguns lojistas acenam com a possibilidade de contratar o serviço, comentam que ainda não haviam pensado a respeito e ficam com o contato para uma ligação futura.
Em uma loja de departamentos recém-inaugurada, o gerente pareceu receber a ideia com bons olhos. Pediu orçamento e quis negocir quem bancaria as balas. Mas de terça-feira até a tarde de ontem, não obtive retorno algum.
Esperançoso por apenas um telefonema, publiquei um anúncio destacado no Classificados do Pioneiro da última quinta-feira, na retranca 'Empregados que se oferecem'.
Também não surtiu efeito. Se tivesse anunciado com o selo da Black Friday, talvez a história fosse outra.
