Na quarta de noite entabulamos proveitoso bate-papo na Escola Estadual de Ensino Médio Clauri Flores, no Santa Fé. Eu mais um punhado de professores mais alunos do 1º, do 2º e do 3º ano nos propusemos a falar sobre os múltiplos significados que as leituras que fazemos do mundo permitem e proporcionam. A intenção chã era incentivar os alunos e ler, ler, ler de tudo e daí tirar proveito para a vida adulta que está a bater na porta.
Nada acadêmico, frise-se.
Pelo contrário, a informalidade dominante é a nota que sobressaiu do encontro. Papo vai, papo vem, a pauta enveredou para a política. Enquete rápida na sala resultou no óbvio: a gurizada acha a política e os políticos um lixo.
Por quê?
Não faltaram argumentos, justificativas - todos válidos e perfeitamente defensáveis, diga-se.
Não é o caso de empilhar aqui a extensa lista de motivos que fazem a política e os políticos serem lixo aos olhos dos jovens. A consequência dessa desilusão é a crescente fuga dos menores de idade da urnas.
- Votar pra quê?, repetem.
Corta para a campanha eleitoral.
A série Eu Prometo publicada ontem perguntava aos candidatos ao governo do Estado o que pretendem fazer para melhorar a telefonia nas zonas rurais de Caxias caso se elejam. Pasmem, teve candidato que respondeu que investiria forte na energia elétrica e na agricultura familiar.
É de chorar.
A pergunta que fica: os políticos querem mesmo deixar de ser lixo para os jovens ou é preferível manter as coisas como estão para que não haja risco algum deles serem apeados do poderzinho que detêm?
Valeu, turma da Clauri Flores!
Refaçamos o pacto: fiquem espertos e sejam felizes (não necessariamente nesta ordem).
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Todos fazemos o trânsito
O boom de atropelamentos tem, naturalmente, diversas facetas a serem exploradas para que tentemos alcançar a compreensão do fenômeno. Independentemente de qualquer conclusão técnica a que se chegue, porém, é possível cravar com absoluta certeza: pedestres e condutores estão excedendo os limites sempre frágeis do bom senso.
Não há atropelamento sem a presença do fator humano. Assim como em qualquer acidente de trânsito, os aspectos mecânicos ou de infraestrutura raramente respondem pelas tragédias. Preto no branco, somos nós os responsáveis por atropelar e por ser atropelados. Às vésperas de 2015, quando o planeta debate formas alternativas de mobilidade, por aqui ainda estamos às voltas com um dos mais primitivos comportamentos coletivos: a inabilidade em circular com respeito, atenção, bom senso e responsabilidade.
Opinião
Gilberto Blume: Os políticos querem mesmo deixar de ser lixo para os jovens?
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