Durante o Conversas Cruzadas desta segunda-feira (18), o presidente do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul, Cremers, Eduardo Neubarth Trindade, criticou a adoção de cotas para a residência médica.
O tema tem sido bastante discutido nos últimos dias, após a decisão da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) de reservar 30% das vagas do Exame Nacional de Residência (Enare) para cotas a serem divididas entre negros, indígenas, quilombolas e pessoas com necessidades especiais.
— Não estamos falando para uma entrada na graduação, para a faculdade. São todos médicos formados, com todas as prerrogativas estabelecidas em lei e devem fazer uma prova. Somos contrários a qualquer tipo de preconceitos ou privilégios no momento em que vai fazer essa prova para residência médica — disse o presidente do Cremers, Eduardo Trindade.
A opinião de Trindade vai ao encontro da manifestação do Conselho Federal de Medicina. Ele considera que a graduação já teria sido o momento para fazer a simetria de conhecimentos.
A advogada antirracista, doutoranda em Direito pela UFRGS e integrante do Núcleo de Pesquisa Antirracismo da Faculdade de Direito da UFRGS, Letícia Marques Padilha discorda:
— Quando nós falamos em privilégio, nós sabemos, as pessoas privilegiadas são as pessoas não negras. Por mais que a abolição formal da escravidão tenha se dado em 1888, estamos a passos lentos de uma reparação histórica, de uma equidade — disse Letícia.
Por mais de uma hora, os convidados confrontaram os argumentos. Convido-lhe a assistir o debate na íntegra