O incêndio no presídio de Bento Gonçalves registrado na segunda, quando duas das cinco celas do albergue foram destruídas, é mais um capítulo de uma história que se arrasta há anos.
Pelo menos essa é a opinião do promotor de justiça criminal de Bento, Gilson Medeiros, que chama de paliativas as medidas tomadas, como a autorização emergencial para que 50 apenados pernoitem por cinco dias fora do albergue depois do incêndio. Medeiros vai mais longe: segundo ele, o Ministério Público já havia apontado risco de novo incidente no local.
- Por meio de pedidos de interdição, o MP tem trabalhado para que a atual casa prisional seja retirada do centro da cidade, onde oferece risco à população, apenados e agentes penitenciários, numa situação de irregularidades, e para que ocorra a construção da nova casa prisional. Não adianta o sistema trabalhar na apuração da verdade chegando a uma condenação se na hora de cumprir o título executivo o Estado não dá condições. O que temos hoje é uma ordem judicial que manda retirarem os presos de lá e que não vem sendo cumprida e está sujeita à apuração. Somente os presos novos estão sendo tranferidos para outra casa prisional (em Caxias). Depois de uma ordem judicial que desinterditou esse albergue, houve um agravo em execução do MP apontado que havia risco de sinistro e isso aconteceu, lamentavelmente - diz o promotor.
De acordo com Medeiros, o uso de tornozeleiras eletrônicas para os presos do semiaberto foram autorizados pela Justiça na segunda. Até o final da tarde desta terça, o Pioneiro não conseguiu contato com o delegado regional da Susepe, Roniewerton Pacheco Fernandes, sobre a instação dos equipamentos.
Atualmente, 33 detentos do regime semiaberto de Bento já usam tornozeleiras. O presídio tem capacidade para 158 detentos entre os regimes fechado e semiaberto. Nesta segunda, 83 estavam no semiaberto (sendo que 30 não tem direito a saídas) e 103 no fechado.
Em 8 de maio deste ano, uma rebelião na unidade prisional destruiu duas das 11 celas. A Justiça havia interditado o presídio, que não poderia mais receber novos presos. Depois do incidente, o albergue foi a única ala do presídio desinterditada.
Presídio
Ministério Público já teria apontado risco de incêndio no presídio de Bento Gonçalves, segundo promotor
Cinco celas ficaram danificadas e duas foram interditadas durante incêndio no presídio na segunda-feira
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