A afamada cancha de rodeios do Parque da Festa da Uva, quem diria, terá função ambiental para lá de nobre. A mesma prefeitura que derrubou mais de 600 árvores para erguer a cancha agora instala um sistema para recolher a água da chuva que escorre do telhado. A água recolhida abastecerá banheiros, servirá para banhar animais e para molhar o piso de areia em dias de rodeio.
Parabéns.
Resta à prefeitura, agora, levar ao pé da letra o pomposo nome dado à cancha de rodeios. Batizada de Espaço Multicultural, a cancha foi anunciada como palco de atividades e manifestações das mais diversas cepas. Não nos iludamos, até agora a cancha recebeu poucos eventos que justifiquem o termo "multicultural".
É preciso reconhecer, porém: nas Festas da Uva e nos rodeios o espaço bomba.
Autoridades em geral têm o péssimo hábito de anunciar e descumprir, anunciar e descumprir. Desconfio que esse mau hábito se justifique porque nossa memória é notoriamente falha.
Lembro como se fosse ontem: quando o pórtico da entrada do parque foi erguido, e lá se vão oito anos, a obra foi anunciada como espaço para shows. Alguém lembra de shows no pórtico? Teve, sim: foi durante a Festa da Uva de 2006, na inauguração do próprio pórtico. Depois disso, ou minha memória anda pregando as peças que as autoridades esperam que minha memória pregue ou de fato não teve mais show algum.
Para não ser injusto com o uso do pórtico, em 2010 o lugar foi palco de comício do então presidenciável José Serra.
Pórtico e cancha de rodeios foram inauguradas sob o mesmo discurso: tirar os shows do acusticamente inadequado pavilhão 2, mas o pavilhão 2 segue sendo o principal reduto dos shows, inadequadamente.
Agora devo confessar que minha memória me trai. Alguém aí recorda se o Centro de Eventos, inaugurado em 2008, também foi anunciado como espaço de múltiplas atividades?
Agora a prefeitura prepara outra incursão no Parque da Festa da Uva, a construção de um ginásio de esportes. A ocupação do complexo ainda não está 100% definida, portanto seria leviano afirmar que o espaço será subutilizado como acontece com a cancha de rodeios e com o pórtico. Aguardemos os discursos inaugurais para saber como, quem e com que frequência o ginásio será aproveitado.
A propósito, imagina-se que o recolhimento da água da chuva já esteja contemplado no projeto do futuro ginásio.
Está?
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