É uma lambança e um retrocesso o que os cavalos da Brigada Militar estão aprontando nas árvores da Praça João Pessoa. A lambança dispensa detalhamentos. O retrocesso também dispensaria, mas às vezes um pouco de didatismo cai bem.
>> Confira a crônica de terça-feira, com fotos dos cavalos na praça
Os rodeios do Parque da Festa da Uva acontecem mediante rigorosas regras: os cavalos são proibidos de ser atados às árvores porque cavalos roem as cascas dos troncos e os troncos, roídos, inviabilizam a circulação da seiva vegetal, matando as árvores.
Demorou décadas para alguém se tocar dessa obviedade, mas finalmente o Ministério Público conseguiu amarrar com os CTGs um termo de ajuste de conduta que preserva as árvores do parque. Nos rodeios a BM também circula pelo parque sobre cavalos, e a BM também não amarra seus animais às árvores em respeito ao acordo com o MP.
Na rua, porém, os cavalos da BM são amarrados em árvores, como se as árvores da Praça João Pessoa fossem diferentes das árvores da Festa da Uva. É um retrocesso, sem dúvida. Nesse caso, a falta de bom senso mais que grita, relincha. Desnecessário dizer que os PMs deixarão de amarrar cavalos a árvores. Como os PMs deixarão de amarrar cavalos a árvores, o MP nem precisará entrar em campo para trazer a BM à razão.
Um pouco de história: em junho de 1910, quando o trem chegou e Caxias obteve o título de cidade, a atual área da Praça João Pessoa serviu de estacionamento de cavalos. Era ali que a multidão que acorreu para prestigiar a chegada do trem dava de comer e beber aos animais que os trouxeram das colônias. O terreno oferecia até cocho, abastecido por fonte própria no exato ponto em que hoje os cavalos da BM promovem lambanças.
Felizmente evoluímos, e a Praça João Pessoa não é mais estacionamento de cavalos.
Opinião
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É uma lambança e um retrocesso o que os animais estão aprontando nas árvores
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