Não douremos a pílula: o cidadão não dá crédito algum à segurança pública quando se trata de "crimes de menor gravidade", segundo a classificação das próprias polícias.
Ora, pois: o que são, afinal, "crimes de menor gravidade"?
Há coisas nesta vida impossíveis de medir, quantificar, pesar, valorar, comparar.
O sumiço de uma cruz de cemitério equivale ao roubo de um carro último tipo. As coisas que temos têm valores monetários e valores sentimentais. O segundo valor jamais poderá ser etiquetado com preço, daí que tantas vezes alguma coisa absolutamente banal nos é muito importante. Calha, então, dessa classificação de crimes de maior e de menor gravidade não fazer sentido algum. Além da cruz e do carro, é desnecessário listar outros exemplos, pois a relatividade do assunto esgota todas as tentativas de argumentação.
>> OPINE: Você dá crédito para a segurança pública quando se trata de assuntos do cotidiano?
As polícias, contudo, aconselham que registremos tudo, absolutamente tudo. Alguns de nós (ainda) registram tudo. As autoridades dizem que os registros servem para tabular os crimes em determinadas regiões. A alegação procede, faz sentido, mas não se vê efetividade de ações. Depois de tabular os crimes, o que as polícias fazem de concreto para resolver os problemas em determinada região?
Via de regra nada, não fazem nada. E por que não fazem nada?
A resposta é um rosário de itens repetitivo, cansativo e que também já caiu no descrédito, essa chaga que envolve igual gosma a coisa pública:
- Não há recursos;
- Falta gente;
- Não há infraestrutura.
Há exceções que desdizem a inércia que desacredita as polícias?
Há, claro.
Os assassinatos.
Todos concordamos que um assassinato sempre será crime de maior gravidade, mesmo que ao tombar o assassinado revele ficha criminal mais extensa do que a ficha exibida pelo assassino. De todo modo, é preciso investigar, prender, julgar e, de preferência, manter o bandido preso (deixemos pra lá, o prende-e-solta é outra crônica).
Opinião
Gilberto Blume: As polícias têm crédito?
Não douremos a pílula: o cidadão não dá crédito algum à segurança pública quando se trata de "crimes de menor gravidade"
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