
Os 50 anos do golpe militar que mergulhou o país em 21 anos de ditadura - lembrados neste ano - vão marcar a despedida do ensino médio para cerca de 90 alunos do Colégio Murialdo. Integrando um projeto multidisciplinar, os alunos mergulharam fundo no tema, por meio de livros, revistas, filmes e entrevistas com pessoas que viveram os temidos anos de chumbo. Mais do que conhecer o momento histórico e político que o país viveu, os estudantes guardam lições de vida para o futuro:
- O que mais me chocou foi a privação de liberdade. Gente inocente, sem nenhuma ligação política sendo obrigada a confessar o que não sabia. Quem o homem pensa que é para tirar o que Deus deu a todos? Conhecer o passado ajuda a entender o presente e a nunca permitir que aquelas atrocidades se repitam no futuro - afirma a estudante Amanda Ramos, 17 anos.
A primeira etapa do projeto, explica a professora de língua portuguesa Roberta Debaco Tomé, consistiu em apresentar aos estudantes obras conhecidas, que retratam o período como Os Carbonários, de Alfredo Sirks, Brasil Nunca Mais, de Paulo Evaristo Arns, O que é isso, companheiro?, de Fernando Gabeira, ou mesmo Feliz Ano Velho, de Marcelo Rubens Paiva, que, se não aborda diretamente a ditadura, retrata o comportamento social da época. A partir das leituras, foram estimulados a produzir ensaios sobre a ditadura e a participarem de discussões dirigidas.
- Eles se encantaram pelo assunto. A ideia é potencializar a construção do conhecimento e disseminar as informações em rede para atingir outros públicos - destaca a professora de história Gilvânia de Almeida.
A segunda etapa do projeto, que é desenvolvida atualmente, consiste na produção de aplicativos para smartphones e tablets, tendo também a ditadura como tema. Cada turma será responsável por criar, sob orientação da professora Carla Dalzoto de Almeida, um aplicativo para um público-alvo: alunos da 8ª série, 1º e 2º anos. Os aplicativos, que terão textos sobre o regime, trechos de músicas, fotos, vídeos, dicas de livros e filmes, roteiros de locais que guardam a memória da época e depoimentos de pessoas que viveram aquele período, poderão ser baixados também por toda a comunidade já que a intenção é disponibilizá-los no site da escola até o final do ano.
- Será muito bom poder colocar a nossa opinião e o fruto da nossa pesquisa em uma plataforma para informar gente da nossa idade - destaca a aluna Daniela da Luz, 17.
A terceira etapa consistirá em um festival artístico, com apresentações de música, poesia, dança e teatro, todos baseados no tema ditadura militar.