245 pacientes aguardam por uma cirurgia bariátrica e metabólica pelo Sistema Único de Saúde em 31 dos 49 municípios de cobertura da 5ª Coordenadoria Regional de Saúde do Rio Grande do Sul. Os dados foram atualizados no mês de junho. Destes, 93 vivem em Caxias do Sul, conforme a Secretaria Municipal da Saúde. Homens e mulheres que, mesmo a passos lentos em uma fila que parece não andar - o paciente mais antigo é de 2005 -, não perdem a esperança. E a espera não é por beleza, mas por saúde.
Caxias ainda não faz esse procedimento pelo SUS. O Hospital Geral está em processo de habilitação junto ao Ministério da Saúde para realizar esse tipo de cirurgia. De acordo com a assessoria de imprensa do hospital, o HG está providenciando as solicitações feitas pelo ministério, incluindo a aquisição de equipamentos específicos para o procedimento. Não há previsão para o início do serviço. Enquanto isso não acontece, cinco hospitais recebem toda a demanda do Estado: três em Porto Alegre, um em Canoas e um em Santo Ângelo.
Luciano Neto Santos, 45, especialista em cirurgia bariátrica e metabólica, faz o procedimento há 16 anos em Caxias do Sul pela rede privada. Explica que o paciente precisa passar por diversas avaliações médicas antes de entrar na sala de cirurgia, o que demanda dois meses a um ano dependendo de cada caso.
De acordo com o especialista, 75% dos pacientes que se submetem à cirurgia recorrem ao método chamado "Bypass Gástrico com derivação em Y de Roux", mais conhecida como "redução do estômago".
- A técnica é mista, pois além da diminuição do compartimento gástrico, há um desvio intestinal, o que diminui consideravelmente a absorção de vitaminas e minerais, acentuando ainda mais a perda de peso. Um paciente submetido a Bypass leva de 15 a 20 dias para se recuperar, pois a cirurgia é feita por videolaparoscopia, sendo pouco invasiva. No primeiro mês, a perda de peso é acentuada e representa 10% do peso total. É preciso de acompanhamento médico por, no mínimo, um ano, e cuidados para o resto da vida - ressalta Santos.
Moisés Rodrigues, 29 anos, passou pelo procedimento em 2012. Perdeu 122 dos 242 quilos que pesava. Em 2007 ingressou na fila do SUS para se submeter à cirurgia. Só conseguiu realizar o procedimento em 2012, após ação judicial devido às comorbidades, doenças associadas ao excesso de peso que prejudicavam sua saúde:
- Hoje, sinto-me feliz por estar bem de saúde e por poder dar atenção aos meus filhos e esposa. Todo mundo diz que a parte mais difícil é o fato de não poder comer como antes depois da cirurgia. Eu não tive dificuldade alguma. Hoje, posso comer de tudo um pouco. Moderadamente, é claro.
Mas a espera de Moisés ainda não acabou. A perda acentuada de peso acabou deixando excesso de pele, o chamado "avental". São 21 quilos a mais a serem contabilizados em seu peso. Desde agosto do ano passado, aguarda ser chamado para a primeira consulta com o cirurgião plástico do SUS. Após a retirada de pele, Moisés pretende praticar esportes.
- Gosto de caminhar e quero praticar corrida. Minha saúde está excelente, 100% melhor. Quero mantê-la assim. Durante todo o processo, nunca perdi a esperança. Sou um cara chato, nunca desisto - confessa.
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93 pacientes aguardam cirurgia bariátrica e metabólica pelo SUS em Caxias do Sul
Município ainda não faz o procedimento pelo Sistema Único de Saúde
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