A meta de tratar 90% do esgoto doméstico deve ser concretizada até o final deste ano em Caxias do Sul, mas isso não significa o fim da poluição dos principais arroios. Isso ocorre porque toda água tratada nas estações de tratamento de esgoto (ETEs) volta para leitos contaminados pela indústria e pelos dejetos de loteamentos irregulares.
Atualmente, são oito unidades em operação e outras duas previstas para inaugurar nos próximos seis meses. A função das ETEs é baixar a carga poluidora dos efluentes brutos antes de devolvê-los para arroios e rios que integram as bacias Taquari-Antas e Caí.
O dilema do programa é controlar as ligações clandestinas. Hoje, Caxias tem 98 mil economias atendidas pelo sistema de esgoto, o que abrange em torno de 70% da população. Quem não está inserido na rede do Samae continua despejando resíduos diretamente nos leitos.
A prática danosa é estimulada pela falta de informação ou por famílias sem recursos financeiros para regularizar as ligações. Se soma a esse grupo um número indefinido de empresas que largam produtos químicos indiscriminadamente em arroios como o Tega. Esse cenário elimina a expectativa acalentada por muita gente de ver os riachos repletos de peixes e água potável.
- Quando tivermos os 10 sistemas em operação vamos atender boa parte da cidade dentro do Plano Diretor de Esgotamento Sanitário. Mas não basta a obra se não houver colaboração da população. Ou levamos educação ou se não se pode fazer mais nada - alerta a diretora da divisão de esgoto do Samae, Liseane Rech.
As ligações e benfeitorias das ETES Pena Branca e Pinhal são as únicas obras pendentes do plano despoluição de arroios anunciado em 2005. Em relação ao Pena Branca, Liseane diz que o atraso é relacionado à contratação de empresa para assumir o trabalho deixado por outra empreiteira.
O Samae levou dois anos entre o início do processo de substituição e a assinatura do novo contrato. O prédio está concluído, falta apenas as redes de ligação que estão sob a responsabilidade da Codeca e da Conster. A estimativa é terminar a instalação da tubulação em três meses, o que seria suficiente para operar o serviço.
Por outro lado, a ETE Pinhal depende apenas da finalização do prédio e demais benfeitorias, algo previsto para ser encerrado em dois meses. Para implantar todo o sistema em Caxias, serão gastos cerca de R$ 140 milhões, entre empréstimo do governo federal e contrapartida da prefeitura e do Samae.
A Secretaria do Meio Ambiente tem emitido autos de infração quando identifica a origem da poluição industrial nos arroios, mas a tarefa é difícil e depende de denúncias:
- Iniciamos esse trabalho e emitimos multas pesadas. Desde então não vimos mais colorações diferentes no Tega, por exemplo. É um sinal de que a fiscalização está dando certo - garante o secretário do Meio Ambiente, Adivandro Rech.
O trabalho, porém, é mais difícil quando se trata das ligações clandestinas em invasões e loteamentos irregulares, além das casas antigas erguidas antes de qualquer lei ambiental. Todo o esgoto desses pontos converge para galerias ou diretamente nos arroios.
Como resposta à falta de conscientização, as estações apresentam resultados positivos segundo a gerente de tratamento de esgoto do Samae, Kátia Mello. Desde agosto de 2012, a unidade Tega filtrou 272 toneladas de material contaminante. Monitoramento do arroio (a partir do trecho da ETE) aponta significativa redução de coliformes termotolerantes (fecais), fósforo e nitrogênio amoniacal, entre outras substâncias contaminantes.
Saneamento
Samae promete tratar 90% do esgoto doméstico até o final do ano em Caxias
Poluição industrial e ligações clandestinas impedem limpeza total
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