O pedreiro aposentado Luiz Carlos Penicioli, 52 anos, lembra da última vez que conversou com o filho Cristian Jackson Penicioli, o Cabeça. Foi há quase 80 dias. Eles haviam combinado de pintar a casa que possuíam em uma chácara localizada em Farroupilha. Porém, o programa nunca pôde se concretizar. Houve um empecilho no meio do caminho que interrompeu os planos do pai e a vida do filho.
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Cristian dirigia sua moto no dia 28 de março quando passou pelo Km 76 da ERS-122 (Rota do Sol). Mais precisamente no trevo de acesso a Monte Bérico. O trecho já ficou conhecido como perigoso pelo elevado número de acidentes que registra. Essa é a terceira morte do ano oriunda do trânsito no local, a 83ª nas estradas da Serra.
Era 16h40min de uma sexta-feira e o pintor retornava para sua casa de aluguel, no bairro Rosário, após mais um dia de trabalho. Ao passar pelo cruzamento, foi atingido por um caminhão. Na colisão, bateu a cabeça e entrou em coma, estado que nunca mais se modificou. O compromisso marcado com o pai para o dia seguinte teve que ser abortado.
Cristian foi encaminhado a Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do Hospital Pompéia. Recebia a visita diária do pai e da mãe, a professora aposentada Horácia Pelicioli. Porém, nunca chegou a estar acordado. Se percebia a presença deles e de outros parentes e familiares, não conseguia esboçar reação alguma. O pai gastou o dinheiro que não tinha para o transferir a uma instituição particular durante sete dias, o Hospital do Círculo. Não adiantou. O quadro de saúde não apresentou melhora. Então, uma bactéria atacou o pulmão e pôs fim à saga de Cristian pela vida às 22h15min desta sexta-feira, na UTI do Pompéia.
- A gente tinha fé em Deus que as coisas iam mudar. Agora vou cuidar do Kelvin, vai ser o meu companheirão, meu netinho - resigna-se Luiz Carlos.
Kelvin da Silva, cinco anos, não é filho biológico de Cristian. Foi adotado. É a lembrança mais viva que o pai terá do filho, a quem descreve como alegre e companheiro.
- O Cristian era o garoto que qualquer pai gostaria de ter. Gostava de som alto, era festeiro, mas nunca fez mal a ninguém. Não bebia, não fumava, nunca se envolveu com drogas - orgulha-se o pai.
O corpo de Cristian é velado na capela C das Novas Capelas São Francisco. O sepultamento está marcado às 16h, no Cemitério Novo de Ana Rech.
Monte Bérico
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