A municipalização da Festa Nacional da Uva, há mais de 20 anos, foi assinada pelo ex-governador Alceu Collares (PDT). A primeira edição da Festa sob controle do município foi em 1994, marcada pela volta da comissão comunitária, liderada pelo então presidente da CIC, Nestor Perini, Aquela Festa da Uva também entrou para a história por causa da criação de uma série de projetos destinados ao engajamento da comunidade. O principal deles, sucesso até hoje, é a Olimpíada Colonial.
Os jogos hoje aplaudidos começam com a criação da Comissão Comunitária da Festa da Uva de 1994. Com o retorno do evento para o município - a festa era de responsabilidade da Secretaria do Turismo do Rio Grande do Sul, com o apoio dos governos federal, estadual, municipal e alguns investidores -, a comissão criou o setor de Marketing de Relacionamento. Então coordenada por Juares Carlos Tonietto, a pasta tinha uma missão dificílima: reaproximar a comunidade da Festa da Uva.
De acordo com Tonietto, entre as décadas de 1970 e 1990 a adesão da comunidade era quase inexistente. A celebração da vindima havia se reduzido a uma feira, perdendo a característica intrínseca nas edições anteriores: a valorização da colônia. Ele conta que, em 1994, começaram as campanhas sensibilizando a população a participar:
- Foi uma concepção em conjunto, que envolvia, primeiramente a comunidade, com brincadeiras de foco lúdico e que trouxessem à memória dos participantes as lembranças da colônia. Não sou o pai das Olimpíadas Coloniais como dizem por aí. Sou apenas um co-criador. Os pais são as pessoas da comunidade - afirma.
Vinte anos depois
As finais da 11ª Olimpíada Colonial acontecem neste domingo, no palco nobre da Praça Dante, em frente à Catedral. O sucesso atual é evidente: 12 distritos, mais a etapa urbana, mais as vivências das olimpíadas para os visitantes dos Pavilhões. Com brilho no olhar, Jorge Benites, coordenador das Olimpíadas Coloniais desde 1998, conta que participou do projeto desde o início e vê-lo tomar proporção é motivo de orgulho.
- As olimpíadas têm essa sinergia, esse compromisso. Cada uma das pessoas que participa, organizador, patrocinador, competidor, faz dela o sucesso que é hoje. É o resultado de um trabalho feito com empenho, espontaneidade e simplicidade, um verdadeiro trabalho em grupo. Quando você faz o que gosta e tem pessoas que trabalham em grupo, não existe dificuldade - revela.
Hexa Campeão
Para Ivan Capelari, 33 anos, o ditado "A gente sai da colônia, mas a colônia não sai da gente" representa uma meia-verdade: ele nasceu, cresceu e, até hoje, vive na colônia. Trabalha em uma metalúrgica há 21 anos. Detalhe: a empresa fica a poucos metros de casa. Além da jornada de trabalho de oito horas, tem fôlego para ajudar os pais, Maria Bertin Capelari, 65, e Irno Capelari, 63, no cultivo de caqui e milho nos dois hectares da família.
Na Festa da Uva de 1998, sob o tema A Festa das Festas, Capelari decidiu estrear nas Olimpíadas Coloniais. O rapaz integrava o grupo de jovens da Igreja Nossa Senhora das Neves, na Linha 40, e, motivado pelo grupo, mergulhou na brincadeira. A vivência junto à colônia colocou-o à frente de outros participantes: sabia fazer bíguli, tinha habilidade com a carriola e arremessar queijo parecia fácil, apesar de nunca ter jogado longe uma fôrma sequer.
Ivan se prepara para encarar as provas finais na Praça Dante. No peito, exibe dezenas de medalhas conquistadas em 16 anos.
- Conquistei medalhas em diversas modalidades, e espero conquistar o hepta campeonato na corrida de carriola e o tri campeonato no arremesso de queijo.
A família já prepara a comemoração e, claro, estará em peso nas arquibancadas da Sinimbu.
Festa da Uva 2014
Olimpiadas Colonias da Festa da Uva, em Caxias do Sul, continuam sucesso depois de 20 anos
Jogos começaram em 1994 e mobilizam a comunidade os dias de hoje
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