O vazamento e infiltrações de água na barragem do Marrecas, em Vila seca, aumentaram. A constatação é do próprio Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae). Entre março e abril do ano passado, a média era de 27 litros de água por segundo expelidos somente pelas chamadas ombreiras (laterais da represa). Hoje, a estimativa é de 60 litros por segundo, o equivalente a 5,18 milhões de litros por dia, segundo o diretor da autarquia, Edio Elói Frizzo. Na ponta do lápis, esse volume equivale ao consumo médio mensal de pelo menos 1 mil famílias.
A água escapa por entre o concreto do paredão e as rochas de basalto. Os projetistas do complexo jamais mencionaram que havia possibilidade de surgir esse tipo de problema, conforme Frizzo. O líquido represado também escorre em pontos de junção na galeria interna e pelas paredes externas, conforme constatou o Pioneiro em visita ao complexo.
A medição correta só deve ser conhecida nesta semana, quando representantes do Consórcio Fidens-Sanenco se reúnem novamente com o Samae para tentar definir qual obra pode conter o aguaceiro. Técnicos da construtora são divergentes quanto às soluções. Um laudo indica que reparos podem ser realizados no lado externo com injeção de nata de cimento nas rochas fraturadas. Outra avaliação considera retirada de parte da água represada e consertos no lado interno. Se a opção for o esvaziamento parcial, será preciso baixar o nível da barragem em até 10 metros (a altura total é de 60 metros).
Técnicos da construtora e um perito do Ministério Público Federal (MPF) afirmam que os vazamentos não colocam em risco a segurança e não comprometem o funcionamento do sistema.
No final de novembro, um engenheiro civil do Ministério Público Federal (MPF) esteve na represa para investigar as condições estruturais. O perito não tem prazo para concluir o estudo, mas deve apontar se o complexo tem ou não defeitos construtivos. A investigação do MPF foi aberta na metade do ano passado após vereadores da oposição denunciarem o problema. Além das infiltrações, o MPF apura os valores investidos na construção de todo o sistema Marrecas, o que inclui a barragem, as adutoras, a estação de tratamento e o reservatório de chegada.
Desperdício na barragem
Volume de água que escorre do Marrecas, em Caxias do Sul, equivaleria ao consumo médio de 1 mil famílias
Técnicos divergem quanto às obras que devem ser realizadas para conter infiltrações e vazamentos
Adriano Duarte
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