Muitos dos forasteiros que participam do Rodeio Internacional de Vacaria vieram atraídos pela premiação polpuda oferecida aos competidores das provas de tiro de laço e gineteada: seis automóveis, duas motos, potros e dinheiro. Para outros, o rodeio vale muito mais. Vale a oportunidade única de fazer novos amigos e preservar os laços criados há muitos anos.
As placas dos caminhões estacionados no acampamento denunciam que o pessoal veio de longe: as comitivas dos CTGs Tio Marquinhos e Fúlvio Furtado deixaram Ariquemes e Cacoal, em Rondônia, a mais de 2,8 mil quilômetros, para participar das competições de laço em Vacaria. Apaixonado pelas provas de tiro de laço e pela cultura gaúcha, o catarinense de Orleans Marcio Volpato Cataneo, 46 anos, foi o pioneiro da aventura que liga o Norte e o Sul do país.
A primeira participação no rodeio foi em 1998, quando ele e o irmão, Marcos, vieram sozinhos desbravar Vacaria.
- Mudei para Rondônia para trabalhar com madeira, mas aos poucos mudei de ramo e passei a criar gado e cavalo crioulo. Foi assim que começamos a gostar das lidas, de laçar. E acabamos espalhando esse costume entre o pessoal de lá - explica Cataneo, patrão do CTG Tio Marquinhos.
Em 2000, com a experiência ganha na participação em rodeios de outros Estados como Paraná, Mato Grosso e na própria região amazônica, Cataneo trouxe 10 laçadores.
- De lá para cá, só faltei a dois rodeios: no ano em que o meu irmão morreu e quando perdi o meu pai - conta o laçador.
Orgulhoso, conta que a comitiva já conquistou dois títulos brasileiros na categoria guri e o troféu Braço de Diamante, em competição nacional em Pato Branco (PR). Em Vacaria, o pessoal de Rondônia faturou a Taça Porteira do Rio Grande e a Taça Vacaria em um único rodeio.
Se depender do esforço dos amigos Julio Arlettaz, 42 anos, David Benitez, 33, Raul Gonzalez, 27, e Sebastian De La Cruz, 25, a caminhonete oferecida ao vencedor da gineteada em pelo deverá seguir para a Argentina. O quarteto, que se conheceu em competições com cavalos xucros, visita Vacaria pela primeira vez. Vindo das cidades de Villa Elisa e Chajarí, na província de Entre Rios, e Santo Tomé, na fronteira com a gaúcha São Borja, o quarteto já participou de gineteadas em diversas cidades gaúchas como Ijuí, Santa Maria e Canela.
- O David é o ginete argentino que mais ganhou no Brasil - afirmou Arlettaz, que trabalha com compra e venda de gado, tem uma cabanha de cavalos e é o responsável pela organização da comitiva.
Ele conta que aprendeu a lidar com os cavalos com o pai, aos cinco, seis anos.
O tímido David criou-se no campo até os 15 anos. Depois de mudar para a cidade para trabalhar na construção civil, começou a praticar nas tropilhas de um e outro amigo e não largou mais as gineteadas. Ele concorrerá na modalidade em pelo, considerada a mais difícil de todas. Em Santa Maria, por exemplo, faturou o 1º lugar no desafio internacional, em 2009.
Conforme Arlettaz, o mais falante, o grupo viajou durante 14 horas para vencer os mais de 1,2 mil quilômetros até Vacaria.
Conforme a organização, 175 ginetes estão inscritos para participar do rodeio neste ano. Além dos brasileiros, os amigos argentinos também vão enfrentar uma pedreira dura com os ginetes do Uruguai.
Disputa acirrada
Rodeio de Vacaria atrai participantes do Brasil e de fora do país ao município
Conforme a organização, 175 ginetes fizeram a inscrição para participar do rodeio neste ano
GZH faz parte do The Trust Project