Seis meses após serem obrigados a deixar o Residencial Villa Margarida, no bairro São Caetano, por determinação do Corpo de Bombeiros, os moradores continuam sem poder morar nas suas casas. Mais: eles também continuam pagando a prestação mensal do financiamento pelo Minha Casa Minha Vida.
Desde então, as famílias vivem em apartamentos alugados pela empreiteira responsável pela obra, a Ambiterra. Se em junho os prédios tinham apenas fissuras, agora, as rachaduras avançaram.
- Estou impedida de morar no meu apartamento e, mesmo assim, pago as prestações. Morei apenas um ano e meio e o imóvel já está condenado. Quando visito aqui, parece que o prédio está diminuindo. De junho até agora, a deterioração piorou mais de 50% - afirma a moradora Daniele Rostand, 33 anos.
O apartamento de Daniele é um dos mais prejudicados. Pisos e paredes laterais estão cedendo. Além das rachaduras nas paredes da garagem que chegam a dez centímetros, o portão quase não abre. Ela cortou parte dele para poder acessar o prédio. Há fissuras em quase todos os cômodos da casa, e estalos constantes que assustam Daniele.
- Vamos sair logo daqui, fico morrendo de medo do prédio cair - alerta a moradora.
Sete sobrados foram interditados por risco de desabamento no dia 4 de junho. Na ocasião, os moradores saíram às pressas, alguns carregando apenas a roupa do corpo. O residencial fica na Rua Aurélio Tonietto e foi inaugurado em 2011. Naquele ano, os construtores fizeram a primeira reforma, por conta de fissuras. Hoje, apenas uma família vive no residencial.
- A gente fica com receio, um pouco de medo. Mas os bombeiros avaliaram que o meu apartamento não corre risco como os outros, então, espero a decisão da Justiça para sair daqui. Pagar aluguel e mais a prestação do apartamento é demais - afirma Marcelo Enio Haetinger, que reside no imóvel com a esposa.
Um laudo técnico emitido pela construtora do prédio em outubro explica que estes problemas ocorrem porque o prédio foi erguido sobre um banhado. "O empreendimento apresenta deslocamento da estrutura e diversas rachaduras, provocadas pelos recalques do solo", cita um dos trechos do documento.
A empresa atribuiu a falha ao engenheiro e ao arquiteto responsáveis pela obra. Após decisão judicial, ainda sem data prevista, a Ambiterra pretende reforçar a estrutura do imóvel e oferecê-lo, novamente, aos moradores.
Indignação
Após seis meses, famílias ainda não podem ocupar prédio interditado em Caxias do Sul
Residencial Villa Margarida tem fissuras e rachaduras
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