A implantação de placas informativas sobre a proibição de alimentar pombos nos parques e praças de Caxias do Sul, que na prática efetivou a lei municipal 7.654/13, não surtiu efeito no primeiro dia. Na manhã desta quarta-feira, as pombas continuaram recebendo comida sem que se verificasse qualquer fiscalização ou orientação por parte da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semma).
Repetindo o ritual que mantém há dez anos, a aposentada Idiati Mondin, 78 anos, chegou à praça Dante Alighieri por volta das 9h30 com um carrinho de compras carregado de milho para as aves. Adentra um canteiro isolado pela prefeitura e, com um pote de plástico, distribui o alimento pela chão. Dezenas de pombos se aglomeram em volta da idosa.
Idiati conta que, após ser curada de um câncer de estômago, prometeu a si mesma manter as aves, "símbolo do Espírito Santo", segundo diz, alimentadas pelo resto da vida. E não demonstra preocupação em ser multada por descumprir a lei.
- Se vierem me multar, rasgo a multa na cara do fiscal. Vou cumprir minha promessa. Se a Secretaria não tem competência pra tirar os pombos daqui, que catem minhocas pra eles comerem - reclama.
Enquanto Idiati espalhava o milho pelo canteiro, alguns transeuntes manifestavam contrariedade ao ato, pediam que ela fosse multada. Outros apenas observavam, achando a cena curiosa. O operador de sistemas da Visate Carlos Roberto da Silva, 49, afirmou ser a favor da lei, mas acha que mais importante do que multar é informar sobre os riscos à saúde que as pombas oferecem:
_ Muitas pessoas são inocentes, acham que pode ter pomba por aí. Seria bom se distribuíssem uns folhetos com informações sobre os motivos da proibição.
A legislação prevê que quem for flagrado alimentando as aves será advertido e, se persistir na infração, multado no valor de R$ 233,90 (10 Valores de Referência Municipal). Em caso de reincidência, a multa passa a R$ 467,80 (20 VRMs). A fiscalização é responsabilidade da Semma.
Sem fiscalização
Mesmo com placas informativas, lei que proíbe alimentar pombos é desrespeitada, em Caxias do Sul
Idosa que há dez anos mantém ritual de distribuir milho às aves desdenha da norma
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