Furtos de obras tumulares no Cemitério Público Municipal ocorrem há cerca de uma década. No entanto, de acordo com funcionários do local, o crime aumentou em 2013. Incomodados com a depredação do patrimônio histórico e afetivo da cidade, membros do Conselho Municipal da Cultura motivam abaixo-assinado solicitando providências. A principal reivindicação é de que se promova uma investigação sobre o comércio receptador do material, responsável pelo incentivo dos furtos.
Neta de um dos primeiros administradores do cemitério, Ana Maria Bastian Alberti, 63 anos, é a idealizadora do abaixo-assinado. Formada em artes visuais em função do afeto pelas obras tumulares, alega que o cemitério possuía obras inéditas no Brasil pela forte indústria metalúrgica, infelizmente já deterioradas.
- Não há mais como tornar o cemitério um patrimônio público cultural, como em outras cidades. Porém, ainda é possível diminuir o crime, para que pelo menos consigamos preservar o patrimônio afetivo das famílias e da cidade. Túmulos de figuras importantes, prefeitos, vereadores, lideranças, já nem são localizados por estarem sem identificação - acredita Ana, que passou a infância brincando entre os túmulos e atualmente visita o espaço com medo da violência.
Os pedreiros do cemitério, que preferiram não se identificar, contam que os furtos geralmente acontecem à noite. Também relatam a frequência de assaltos durante o dia. Conforme a administradora do cemitério Helena Ribeiro da Silva, há apenas dois guardas municipais para zelar pelo prédio administrativo e os jazigos de arrendamento, espaços considerados patrimônio público. Os outros túmulos ficam sem proteção.
A coordenadora da Divisão de Proteção ao Patrimônio Histórico e Cultural da secretaria Municipal da Cultura, Liliana Henrichs, apoiadora do abaixo assinado, entende que não adianta tornar as obras patrimônio público para garantir proteção. Mais que fiscalização, ela sugere um mutirão entre órgãos de segurança para encontrar as obras e prender em flagrante o receptador.
Segundo o delegado do 2º Distrito Policial, Joigler Paduano, não foram registradas, neste ano, ocorrências de furtos de peças em alumínio e bronze, como inscrições nos túmulos, molduras de fotos, estátuas e argolas de gavetas.
- Sem ocorrência de furtos, não há como iniciar uma investigação - explica.
Para investigar as denúncias, também é necessária a identificação imediata dos ladrões, já que o material furtado é rapidamente derretido, o que prejudica o reconhecimento da peça. A Brigada Militar, que também poderia prender os responsáveis pelo furto e os receptadores, só pode fazer a apreensão em caso de flagrante.
- Existe uma dificuldade do flagrante durante a receptação (comprar objetos furtados). É necessário que se realize uma investigação antes, geralmente bem demorada e que demanda atenção exclusiva - alega o comandante do 12º Batalhão da Brigada Militar (BPM), major Jorge Emerson Ribas.
Cemitério Público
Integrantes do Conselho Municipal da Cultura pedem investigação sobre receptadores de artes tumulares, em Caxias
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