Para alguns integrantes das categorias de base do Juventude, não têm sido fácil equilibrar estudos e futebol. É o que aponta um relatório do Conselho Tutelar (CT). Pelo menos 26 adolescentes deixaram de comparecer no turno da noite da Escola Estadual de Ensino Médio Maria Araci, no bairro Santa Lúcia Cohab, nos últimos meses.
As justificativas são variadas: participação em competições esportivas, viagens a outras cidades para visitar familiares ou doenças. Os nomes foram incluídos na Ficha do Aluno Infrequente (Ficai).
Convém lembrar que a evasão escolar é comum em Caxias do Sul e envolve centenas de adolescentes e crianças da rede pública. Na Maria Araci, por exemplo, o problema abrange 50% do turno da noite.
O diferencial dos estudantes ligados ao Juventude é que a legislação federal exige a frequência escolar de atletas em formação. Portanto, atender a esse requisito é essencial para o clube manter jovens em suas categorias de base.
O Conselho Tutelar pede providências ao Ministério Público (MP) para que se apure o motivo de tantas faltas e quem é o responsável pelos adolescentes. No caso da Maria Araci, os alunos atletas têm entre 14 e 17 anos. A maioria é de outras cidades e está em Caxias do Sul para participar de campeonatos e treinos.
A Ficai foi aberta porque parte dos estudantes faltou por cinco dias consecutivos ou por 11 dias alternados. A ausência produz diversos transtornos. Como muitos retornam para a sala de aula sem dominar o conteúdo, eles têm dificuldades para realizar provas e acompanhar o ritmo da turma. O baixo desempenho compromete até mesmo o ano letivo.
O conselheiro tutelar Paulo Borges, responsável pela ação, diz que a maior dificuldade da escola é entrar em contato com os pais dos alunos. Os atestados das faltas são assinados em sua maioria pela psicopedagoga do Juventude.
- Para nós, do Conselho, o clube não é o representante legal desses adolescentes. Para nós, são os pais que devem explicar as faltas. É preciso abrir esse debate não apenas em Caxias como em outras cidades - diz Borges.
O coordenador da categoria de base do Ju, Atílio Zugno, garante que o clube sempre encaminha antecipadamente o calendário das competições às escolas. Geralmente, os atletas jogam futebol às quartas-feiras e aos finais de semana. Quando há campeonatos fora da cidade, a ausência é justificada. O treinamento ocorre no turno inverso da escola. Além disso, os jogadores têm acompanhamento de uma psicopedagoga.
- Pode acontecer de faltar um dia, mas não temos registros de dias seguidos - afirma Zugno.
Educação
Conselho Tutelar de Caxias do Sul questiona falta de frequência escolar entre integrantes das categorias de base do Juventude
Problema envolve alunos da Escola Maria Araci
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