Palestino nascido na cidade do Cairo, no Egito, Mohamed Shwareb, 29 anos, é o primeiro estrangeiro a atuar na Serra pelo programa Mais Médicos. Após passar por quatro semanas de treinamento em Porto Alegre, o profissional chegou no sábado a Garibaldi, onde irá atender no posto de saúde do bairro Santa Terezinha. Ainda à espera da liberação do registro pelo Conselho Regional de Medicina (Cremers) para começar a atender, na manhã de ontem Mohamed se apresentou para a secretária de Saúde e conheceu o novo local de trabalho.
A língua portuguesa não é um empecilho para a adaptação do palestino, casado há um ano e meio com uma arquiteta de Poços de Caldas-MG. Os dois se conheceram através de um curso de inglês online, que o palestino cursou quando morava e trabalhava na Arábia Saudita. Mohamed aguarda a chegada da esposa para os próximos dias. A escolha pela Serra se deu pela semelhança de clima com a cidade mineira e também pelas recomendações de amigos que moraram na região. Dos pontos turísticos, tem curiosidade de conhecer a Maria Fumaça. E mesmo estando há poucos dias na cidade, o abstêmio Mohamed quer se estabelecer em definitivo na terra da Fenachamp:
- Sabia que havia muitos italianos, acho que há uma mistura de culturas muito interessante. Agora chegou mais uma _ brinca.
Formado no Egito, Mohamed tem especialização em Plástica e Cirurgia e fez dois anos de residência em Cardiologia. Ele acredita que a contratação de estrangeiros só tem a ajudar a melhorar a saúde no país.
- Na Arábia Saudita, 90% dos médicos são estrangeiros e o sistema funciona. O inglês é o idioma da medicina de lá. Na Alemanha também há muitos estrangeiros. O que importa é a qualidade do atendimento - defende.
O posto do bairro Santa Terezinha realiza cerca de 350 atendimentos médicos por mês é referência para dez bairros de Garibaldi, em área que abrange 5,6 mil pessoas. Mohamed chega para suprir a carência aberta em outubro do ano passado, quando a médica que atuava no posto foi aprovada em um concurso em Porto Alegre e deixou o cargo. Desde então, três especialistas em ginecologia e pediatria se revezavam no atendimento, mas nenhum com a função específica de saúde da família ou carga horária de 40 horas. A coordenadora da unidade, Rosilene Foppa, comemora a chegada:
_ Com um médico voltado para o atendimento às famílias, se faz um acompanhamento melhor e cria-se vínculos com os pacientes. A população sentia falta e cobrava isso.
