Posição da igreja sobre homossexualidade é tema de debate em encontro de jovens em Caxias

Aceitar, acolher e respeitar foram as lições da última edição do Fé & Café, no domingo, em Caxias, que tratou da homossexualidade e a homofobia na visão da igreja. Desde a passagem do Papa Francisco pelo Brasil, durante a Jornada Mundial da Juventude, onde o pontífice deu declarações importantes sobre o tema, foi aberto um debate maior sobre as posições da igreja.

"Os homossexuais não devem ser julgados ou marginalizados", disse o Papa Francisco. Segundo o Catecismo da Igreja Católica, a orientação homossexual não é pecado, mas os atos, sim. "Se uma pessoa é gay e procura Deus e a boa vontade divina, que sou eu para julgá-la?". Para o Papa, ao invés de serem discriminados, os homossexuais devem ser integrados à sociedade.

No debate do Fé & Café, no espaço Mater Dei da Catedral Diocesana de Caxias, foi exatamente essa a tônica da discussão. O mediador do debate, padre Leomar Brustolin, disse que a igreja sempre vai investir na relação homem e mulher para constituir família, mas que isso não dá margem para que os homossexuais sejam discriminados.

- A Igreja quer garantir a família, que é a base da sociedade - disse.

Para Brustolin, a igreja ainda não está preparada para lidar com a situação e reconhece a complexidade do assunto.

- O lugar do homossexual é dentro da igreja. Nós sabemos lidar com isso? Não. Mas a gente não pode privar ninguém do convívio de Deus - declarou.

Maior público das edições de Fé & Café, os jovens, acostumados a lidar com as questões da diferença, acreditam que só o respeito pode garantir o convívio saudável entre todos.

- Penso que a igreja enquanto instituição está preparada para recebê-los, tanto que já escreveu documentos sobre o assunto. Porém, a instituição é composta de seus fiéis, os quais podem não estar. Agora é chegada a hora da instituição começar a formar seus fieis no acolhimento dos homossexuais: são pessoas como todos nós, com sua história de vida e que apenas precisam ser respeitadas e acolhidas em sua complexidade. Aliás, qual ser humano não é complexo? Todos o são - manifestou Sérgio Luiz Viegas Nunes, 26.