Enquanto Caxias do Sul dá os primeiros passos para elaborar o Plano Diretor de Mobilidade Urbana, exigência do Governo Federal para municípios com mais de 20 mil habitantes, um encontro de especialistas na área serviu para discutir as principais deficiências e as diretrizes que devem ser priorizadas na elaboração do documento, que deverá ser apresentado até o final de 2014.
No debate realizado na noite de sexta-feira e na manhã de sábado no Centro de Cultura Ordovás, foram abordados temas como o estímulo ao uso do transporte não motorizado, a necessidade de mudar a cultura do uso irrestrito do automóvel e o desequilíbrio entre os muitos recursos públicos destinados a obras e a falta de verbas para planejamentos.
O arquiteto e urbanista Edson Marchioro enfatizou que qualquer solução para os problemas de mobilidade começa com a inversão da prioridade nas ações dos governos, que ainda privilegiam o transporte individual ao coletivo. No cenário local, cita como exemplo a necessidade de duplicar o corredor de ônibus na Sinimbu, destinando uma pista a menos para os carros. E cobra que as promessas de melhorar a fluidez no trânsito só estimulam ainda mais a cultura do uso irrestrito do carro.
- Construir viaduto, perimetral, túnel, nada disso é solução. É a mesma coisa que um obeso abrir um buraco a mais no cinto e achar que emagreceu - compara.
Para o deputado estadual Vinicius Ribeiro (PDT), que participou do encontro na sexta-feira, é preciso apostar em medidas que desestimulem o uso do transporte individual, mas desde que a melhoria do transporte coletivo seja uma contrapartida imediata. Arquiteto formado pela UCS, Vinicius destaca que estabelecer critérios para a construção de edifícios-garagem no centro e regulamentar o estacionamento rotativo, de forma que parte dos impostos seja destinada à melhoria do transporte coletivo, são metas a ser atingidas para diminuir em até 30% a circulação de carros a médio prazo.
- O plano de mobilidade só terá efeito se provocar alterações no Plano Diretor do município, porque é preciso mudar a prioridade dos investimentos - analisa.
Também arquiteto e professor da UCS, Carlos Eduardo Pedone defendeu o investimento em ciclovias no município, mas defendeu um melhor planejamento para que elas sejam feitas em áreas onde haja maior demanda.
- Quem utiliza a bicicleta e para que utiliza? Ter ciclovias que não levam a lugar nenhum e que pouca gente utilize, como a da rua Atílio Andreazza, não é o ideal - afirma.
A Caravana da Arquitetura, como é intitulado o evento promovido pelo Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB-RS) e pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU-BR), prosseguiu na tarde de sábado com apresentação de projetos de reabilitação da estação férrea e da construção do trem regional. No domingo, um passeio pelo Vale dos Vinhedos encerrou a programação.
Deficiências e diretrizes
À espera do Plano Diretor de Mobilidade Urbana, especialistas apontam soluções para Caxias do Sul
Debates ocorreram no Centro de Cultura Ordovás
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