Não há data exata que marque a criação oficial da Pastoral da Saúde dentro do Hospital Pompéia. A história mostra que as visitas aos doentes e o apoio humanitário aos que sofrem - hoje alguns dos papéis desempenhados pelo grupo de voluntários - começaram antes mesmo de a própria instituição surgir, com as senhoras que fundaram a Associação das Damas de Caridade, em 12 de agosto de 1913.
>> Confira todo o conteúdo especial produzido
para os 100 anos do Hospital Pompéia
Era comum, naquela época, as damas visitarem casas de doentes pobres para ajudar com uma oração, um remédio, um prato de comida ou qualquer recurso material mais urgente que o paciente necessitasse. Quando assumiu a administração do recém criado hospital, a Congregação das Irmãs de São José canalizou ainda mais o atendimento aos doentes por meio da religião e dos sacramentos.
- Todo dia a gente visitava os doentes e eles contavam o que estavam sofrendo. Depois, a gente rezava no próprio quarto do paciente ou na capela (fundada em 1948), pedindo a Deus que ele tivesse a saúde reestabelecida, levávamos a comunhão e intermediávamos pedidos dos doentes que queriam falar com o padre. O hospital é uma casa de Deus, de apostolado. Tínhamos muito zelo para que os pacientes não ficassem sem receber os sacramentos - revela a irmã Maria Gonzaga, 92 anos, que ingressou no Pompéia em 1967 e onde permaneceu por 25 anos.
Nos primeiros quatro anos, irmã Maria Gonzaga visitava os doentes e executava o trabalho da capela sozinha. Depois, vieram outras religiosas e, mais tarde, os voluntários, com a multiplicação dos movimentos leigos dentro da Igreja. Hoje, conforme o capelão do hospital, padre Claudio José Pezzoli, a pastoral é formada por cerca de 25 voluntários, todos leigos.
Diariamente, em grupos que se dividem durante a semana, visitam doentes, ajudam os cuidadores, distribuem a comunhão, intermediam a presença do sacerdote e também preparam a capela para as celebrações, realizadas de segunda a sábado, sempre às 16h.
Nas segundas-feiras, por exemplo, Martha Carosiello Curi de Macedo, 72, que também é dama do Pio Sodalício, leva a comunhão aos pacientes do setor de hemodiálise. Além da Eucaristia, Martha leva um sorriso no rosto e faz questão de tratar a todos com bom-humor.
- Os pacientes precisam desse contato. Uns se divertem junto com a gente, outros ficam olhando, achando a gente meio maluca. A gente brinca que aqui no Pompéia só não operamos nem rezamos missa - diz, aos risos.
Há sete anos na pastoral, Martha revela que começou fazendo trabalho voluntário no SOS Oração, do Círculo Operário, atendendo ligações de pessoas que pediam ajuda, em um projeto semelhante ao Centro de Valorização à Vida (CVV) de hoje.
- Acho que sempre tive discernimento para superar os problemas. Perdi minha mãe cedo, perdi um filho, mas sempre enfrentei as coisas de frente. Isso ajuda, dá coragem no trabalho que faço aqui no Pompéia - acredita Martha.
Apesar de ser um hospital ligado à Igreja Católica, padre Claudio afirma que o grupo de voluntários respeita ao máximo a diversidade de credos dos pacientes.
- Nossa intenção é acolher os doentes e seus familiares, levar uma mensagem positiva ou apenas ouvir o que eles têm a dizer. Isso independe da religião que a pessoa professa - confirma Maria Grifante Fávero, 65, na pastoral há sete anos.
Maria ingressou no grupo logo depois que o pai morreu. Frequentadora assídua das missas no Pompéia, passou a admirar a abnegação dos voluntários.
- Acho que a gente recebe um chamado de Deus. Quando comecei a fazer as visitas, me emocionava muito com a dor dos pacientes, com a carência emocional em que muitos estavam. Isso me abalou muito, e um dia cheguei à capela e me ajoelhei diante de Jesus e pedi: "Se Tu me chamou para essa tarefa, vai ter de me dar forças." E ele realmente me deu coragem para continuar. Quando não posso vir, parece que alguma coisa está faltando - afirma ela.
Lea Baldissera Breda, 80, também dama do Pio, atua na Pastoral da Saúde há 15 anos. É uma das mais antigas. Com problemas nas pernas e após duas cirurgias, ela não faz mais a visitação aos doentes. Mas alegra-se de ajudar a preparar a missa e puxar as orações e novenas.
- Às vezes, a gente sai com o coração dolorido. Mas ao mesmo tempo, agradecemos a Deus por ter nos escolhido para esse trabalho. E eu amo o que faço, sou apaixonada por tudo aqui - confessa Lea.
Os pacientes fragilizados não são os únicos a receber atenção da Pastoral da Saúde e do capelão.
- É preciso ouvir e acolher os funcionários e médicos da instituição. É um trabalho de interdisciplinaridade, em que contamos com o apoio de vários setores, como a psicologia e o serviço social, por exemplo. Como se diz, aqui nós também cuidamos do cuidador - afirma padre Claudio.
Auxílio
Integrantes da Pastoral da Saúde visitam doentes, ajudam os cuidadores e distribuem a comunhão no Hospital Pompéia
Além dessas funções, eles ainda intermediam a presença do sacerdote e também preparam a capela para as celebrações
GZH faz parte do The Trust Project
- Mais sobre: