Criação de espaço para exibições de som automotivo poderia amenizar as badernas em Caxias do Sul

Um oficial da Brigada Militar, um presidente de associação de moradores, um promotor de eventos de som automotivo, um jovem que possui carro com som potente e um integrante da Coordenadoria da Juventude de Caxias opinaram sobre os polêmicos points nas vias públicas de Caxias do Sul. O encontro foi promovido pelo Pioneiro na quinta-feira, dia 8, após diversas manifestações por e-mail, redes sociais e telefone sobre as badernas.

Os participantes do Painel Pioneiro entendem que as confusões nas ruas de Caxias do Sul só estariam ocorrendo por falta de espaços adequados para diversão das turmas. Para minimizar a bagunça nos points, uma sugestão é a criação de uma área própria para exibição de som automotivo e confraternização da juventude.

O debate ocorreu um dia depois do Gabinete de Gestão Integrada em Segurança ter desencadeado uma série de operações para coibir as badernas e infrações de trânsito em diversos pontos de Caxias, incluindo, a Rua Alfredo Chaves, em frente à prefeitura.

Confira algumas opiniões:

Marcos Vinicius Borges, 27 anos (frequentador do point da Rua Alfredo Chaves, em frente à prefeitura):

- Os jovens não têm um lugar para se encontrar. Ali na Alfredo Chaves, por exemplo, o acesso é fácil para todo mundo. Há pessoas com carro, tem pessoas de moto, tem pessoas que não tem carro. O pessoal vai ali para se reunir, afinal não é todo mundo que tem dinheiro para ir à praia, ir para uma chácara. Ali é um lugar bom, mas tem que ter limite. Entendo que a minha liberdade termina quando começa a atrapalhar a vida do outro.

Capitão Giovani Gomes (comandante das operações contra baderna em Caxias do Sul):

- Como autoridade policial provocada por esse tipo de situação tenho que fazer o atendimento. A comunidade tem procurado a Brigada Militar pelas badernas e barulhos. Perturbar alguém no trabalho ou sossego alheio, a perturbação coletiva de moradores ou vizinhos com gritaria e algazarra e abuso de instrumento sonoro e sinais acústicos se enquadram na Lei de Contravenções Penais. Não é problema se a pessoa vai na sua folga e período livre para realizar esse tipo de atividade. O problema é o abuso. Existem pessoas doentes e idosas nos prédios em volta durante o dia descansando.

José Igor Teles, DJ Fatty, 17 anos (produtor de eventos de som automotivo e defensor de espaço próprio para encontros de jovens):

- Enquanto não criam um espaço próprio, o pessoal vai pela bagunça. Estou no meio deles e sei: o pessoal quer se exibir. Se há um evento em chácaras, o pessoal vai. Tentamos organizar em um local mais isolado possível, mas sempre tem uma residência a dois ou três quilômetros que vai incomodar. Precisamos de um local que não fosse perturbar ninguém, pode ser público ou particular. Faz um ano que procuro um local mas não encontro. Se toda a sociedade aceitar esse projeto, todos vão se adaptar. Enquanto um fala que vai fazer o projeto e outro bate de frente que não vai dar, o pessoal continuará abusando.

Hernest Larrat dos Santos (coordenador Municipal da Juventude):

- Esse espaço próprio vem sendo estudado desde a última conferência da juventude. A partir de 2013 será discutido como plano de governo. Se busca uma área de lazer para o jovem, onde ele não entrará em conflito com o meio ambiente, com a sociedade. A ideia é criar pistas de motocross, ter um espaço onde se vai escutar som. Se a pessoa quiser, pode ir lá beber e levar o motorista da rodada. Não tem como dar prazo porque é uma proposta recente.

Antíoco Sartor (presidente da Associação de Moradores do bairro São Pelegrino):

- Recebo todos os dias queixas por telefone ou em visitas na associação. São dois problemas graves: segurança e a busca por tranquilidade. Em São Pelegrino, há uma demanda para a juventude, mas 60% por cento dos moradores são da terceira idade. Para os dias difíceis e problemas no trabalho, a casa é onde se refaz as forças. Imagine então as pessoas dizendo a todo momento: fui acordado pelo som altíssimo a uma hora da madrugada e depois não consegui mais dormir. Quem fez isso estragou a noite de um ser humano. Não é brincadeira, é preciso ter consciência.