Professores brasileiros visitam Colômbia e veem como leitura e escrita revertem conflitos

A desobediência de um aluno e o seu desinteresse pela leitura, na década de 1990, na Colômbia, levaram o Colégio Benjamin Herrera a mudar suas práticas. O relato detalhado dessa história foi apresentado pelo diretor, Oscar Henao Mejía, nesta semana, aos 65 professores brasileiros premiados pelo Instituto C&A no Concurso Escola de Leitores, do projeto Prazer em Ler.

O aluno Oscar Maurício dizia que ler era chato. O menino desobedecia e se negava a ler. Em Medellín, no bairro Trinidad, o adolescente provocou a ira de uma professora. Ela pediu sua expulsão. O diretor do colégio, Oscar Henao Mejía, resistiu e passou a refletir sobre o desinteresse do menino.

Propôs ao garoto uma investigação, partindo do seguinte questionamento: por que os adolescentes não leem? A pesquisa cresceu e envolveu a turma. Uma das constatações a que os estudantes chegaram: porque eram obrigados a ler, para cumprir tarefas, mas o que realmente queriam era ser convidados à leitura, podendo optar por diferentes gêneros e títulos.

_ Quando paramos de exigir que lessem para apresentar relatórios e outros trabalhos, a leitura começou a instigar os estudantes. Lentamente, em nossa escola, foi-se derretendo a simples transmissão de conhecimento, que reverencia apenas o saber do professor, e o autoritarismo. Passamos a estimular a leitura e a escrita pessoal e, os alunos foram se aproximando _ relatou Mejía.

Hoje, Benjamin Herrera tem duas bibliotecas e investe fortemente no estímulo à leitura e à escrita. O prazer do contato com o livro e com a palavra é explícito no cotidiano das turmas, observa Mejía. Todo ano, desde 1996, a instituição produz uma obra literária coletiva, que é publicada e distribuída a cada estudante.

* A repórter viajou a convite do Instituto C&A


Premiados

Em todo o Brasil, 24 projetos foram selecionados nesta 2ª edição da Escola de Leitores do Instituto C&A. As escolas receberam o valor de até R$ 12 mil para desenvolvimento do projeto, com formação e acompanhamento técnico até fevereiro de 2013. Em Porto Alegre, cinco instituições de ensino foram vencedoras e recebem a assessoria da Ong Cirandar: Centro Municipal de Educação dos Trabalhadores Paulo Freire _ CMET, Escola Municipal de Educação Infantil Valneri Antunes e as escolas municipais de Ensino Fundamental José Mariano Beck, Pepita de Leão, Senador Alberto Pasqualini.