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Por meio de gestos silenciosos e cheios de significado, um grupo de crianças e adolescentes surdos da Escola Municipal Especial Helen Keller assumiram um compromisso social e ecológico neste sábado, em Caxias do Sul. Vinte e dois alunos do 6º ano e da 7ª e 8ª séries receberam o diploma de patrulheiros ambientais mirins e têm o desafio de serem multiplicadores de atitudes em defesa da fauna e da flora. É a primeira turma de uma escola especial que se forma patrulheira ambiental mirim no Estado.
A solenidade, que contou com a presença de 14 formandos, ocorreu às 9h, e foi prestigiada por autoridades, educadores e familiares. Durante a formatura, vestidos com camisetas nas cores verde e branca, os estudantes sinalizaram os hinos do Brasil e do Rio Grande do Sul e encantaram a plateia.
A diretora da escola, Andrelise Gonçalves Sperb, ressaltou a alegria dos alunos por participarem desse programa desenvolvido pela Polícia Ambiental e que viabilizou à gurizada palestras, instruções e passeios ao zoológico.
- Tenho certeza que todos gostaram muito e sairão diferentes desse trabalho. Os alunos surdos nos mostram que têm as mesmas condições dos ouvintes. Pelo cuidado das crianças em relação aos animais, já começamos a colher bons frutos. A partir de agora, os professores darão continuidade ao trabalho iniciado pela Patrulha Ambiental (Patram) - acrescenta Andrelise.
O depoimento da aluna Tainá da Silva Borges, 10 anos, endossa as palavras da diretora. Em seu discurso por língua de sinais, ela expressou um pouco do sentimento dos formandos:
- A gente adorou conhecer melhor os animais. Hoje, o grupo se sente responsável por ajudar a cuidar da natureza.
Enquanto Tainá e seus colegas comemoram os resultados da capacitação, o soldado Ciro Barros de Lima, que foi o instrutor da turma, vê como importante a experiência de trabalhar com alunos surdos. Ao longo da qualificação, para conversar com os estudantes, o soldado contou com a ajuda de uma intérprete de Libras.
- Aprendi mais com eles do que o contrário. Foi algo muito gratificante - considerou Barros, que é da Patram.
Para o comandante do 12º Batalhão de Polícia Militar (BPM), major Jorge Emerson Ribas, a formatura das crianças como patrulheiros é motivo de orgulho para a corporação. Já o comandante do 1º Pelotão de Polícia Ambiental, sargento Jonas Paulo Bernardi, agradeceu aos pais por terem apoiado e incentivado os estudantes a se capacitarem.
- Vocês têm o desafio de ser um elo com a segurança pública e com o meio ambiente. Observem o que não está sendo feito de legal para a natureza, como queimadas ou maltrato de animais, e mantenham contato conosco. Não é só para reprimirmos a irregularidade, mas também para que possamos resgatar essas pessoas e multiplicarmos a ideia da conservação ambiental - ensinou o sargento.
Os pais do agora patrulheiro ambiental mirim Fabiano Lorensi Bertoluci, 12, se emocionaram ao ver o filho envolvido nessa bandeira pró-natureza. O aposentado e cozinheiro Paulo Bertoluci, 56 anos, e a auxiliar de produção Rozane Lorensi, 52, também são surdos. Fabiano costuma orientar os pais, por exemplo, sobre onde vai cada tipo de lixo, seja ele reciclável ou não.