Enquanto milhões de litros de água são desperdiçados diariamente entre as estações de tratamento e pontos de consumo de Caxias, serão investidos R$ 189 milhões no Sistema Marrecas, que deve começar a abastecer a cidade a partir de 2012. Mas parte da água que sairá da nova represa poderá se perder na rede obsoleta do município.
O desperdício atual é fato. Dos cerca de 41 bilhões de litros tratados no ano passado, mais de 17 bilhões, ou 43,15%, não chegaram aos consumidores.
Nem toda a água do Marrecas alcançará o seu destino. Isso porque para reduzir as perdas a níveis aceitáveis com a substituição de 40% da rede de abastecimento, troca de adutoras e melhorias nas estações de tratamento existentes, entre outros serviços, seriam necessários R$ 100 milhões e um prazo de 10 anos.
Conforme o diretor-presidente do Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae), Marcus Vinicius Caberlon, na região que será abastecida num primeiro momento pela represa nova já foram feitas melhorias.
- Naquela região da Zona Norte, dos bairros Pioneiro, Fátima, para os lados do Serrano, nós já estamos bastante adiantados. Ali está bastante modernizado, nossas perdas já não são as mesmas que temos na zona central da cidade. A nossa zona mais deficitária é o lado sul - explica.
A perda de água começa a preocupar os moradores, já que desde abril eles pagam uma taxa a mais na conta, para o Fundo Municipal de Recursos Hídricos (FMRH). Na segunda-feira passada, uma audiência pública proposta pela Câmara de Vereadores discutiu o problema. Na reunião, a Comissão de Legislação Participativa e Comunitária apresentou um dado divulgado pela revista Saneamento Ambiental, referente a 2009. Pela publicação, Caxias está entra as que lideram uma lista de cidades brasileiras com a maior quantidade de água não faturada.
Em 2010, 57,87% da água tratada não foi faturada, ou seja, não gerou pagamento ao Samae. Dentro dessa parcela de consumo não pago, estão incluídos aquele dos prédios públicos municipais, as fraudes, as imprecisões dos hidrômetros e, principalmente, as perdas reais, que são aquelas decorrentes de vazamentos nas redes de distribuição e em ligações. Para os críticos, há incoerência na construção do sistema Marrecas enquanto o desperdício não é contido.
Para explicar os índices de perdas, o Samae não gosta de usar percentuais. Prefere estipular uma média de desperdício pela relação litros por ligação por dia.
Até dezembro do ano passado, ficavam pelo caminho 431 litros por ligação, diariamente. O número está bem acima do que o Samae considera aceitável, que seriam de 200 a 250 litros por ligação, diariamente.
Geral
Desperdício de água causa preocupação em Caxias do Sul
Milhões de litros são perdidos diariamente
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