Caps 24 Horas em Caxias do Sul representa mais esperança para viciados

Um consumidor de crack de 20 anos ingressou na quarta-feira à tarde no ambulatório de desintoxicação do Centro de Atenção Psicossocial de Álcool e Drogas (Caps) Reviver. Apesar de estar voltando todas as noites para casa depois de receber a medicação, o morador do bairro Marechal Floriano está resistindo às tentações de voltar ao crack. A inauguração do Caps 24 Horas na segunda-feira vai representar um alívio para o jovem, viciado há dois anos e na terceira tentativa de recuperação. 

- Se a gente sai para a rua, em vez de ir para casa, vai direto para a boca - admite o dependente.

A inauguração de cinco leitos de desintoxicação no Caps vai representar o dobro de vagas gratuitas para viciados e possibilitar que a internação se estenda para o período noturno e aos finais de semana. Antes, os pacientes se tratavam durante o dia e depois precisavam voltar para casa ou ir para um albergue.

Para esta segunda já há reserva para quatro pessoas. Não fossem os novos leitos, significa que o ambulatório do Caps estaria lotado. Antes, a espera para ingressar no Caps poderia durar até 15 dias, tempo médio da desintoxicação. Esse tempo faz toda a diferença para um viciado, principalmente de drogas pesadas como o crack. 

- É preciso aproveitar aquelas horas, ou até minutos, em que eles decidem se tratar. Se entra em uma lista de espera, até que surja uma vaga, o viciado já voltou às ruas - explica o psiquiatra especialista em tratamento de dependência química, Celso Cattaneo.

As internações para desintoxicação continuam a ser feitas da mesma forma: durante o dia. 

- O Caps não é um pronto-socorro, nem é um albergue, apenas vai prestar atendimento 24 horas para quem já estiver internado. Não adianta a pessoa ir lá para se internar na madrugada. O acolhimento imediato será somente durante o dia, e dependendo do caso - ressalta a secretária da Saúde, Maria do Rosário Antoniazzi.

Quem não consegue um leito no Caps precisa procurar uma clínica particular. Em casos graves, é encaminhado para o Centro do Dependente Químico (CDQUIM), do Hospital Parque Belém, em Porto Alegre. Este hospital reúne todos os viciados do Estado que não conseguem o tratamento em sua região.

Vencendo a primeira etapa de oferecer mais oportunidades de internação, o Caps conseguiu também vencer o desafio de prestar atendimento noturno. Na fase inicial do tratamento, a desintoxicação, interromper a estadia no centro à noite era um convite para a recaída.

- Até que sejam reduzidos os episódios de fissura, o dependente precisa estar em um ambiente protegido, porque dificilmente vai se manter sem usar drogas, ao voltar para as ruas neste período de desintoxicação - justifica o psiquiatra Cattaneo.

O Caps fica na Avenida Circular Pedro Mocelin, 4.683, bairro Cinquentenário, e atende pelos telefones: (54) 3901.1217 ou 3901.1302.